Paciência

As pessoas com paciência salvam o mundo. Nem pode ser de outra maneira.

Não é uma conclusão de hoje, é uma perceção que tem ganho forma. Nem sequer é um mantra ou conselho, é a realidade. No mundo consumido por ansiedade e todo o tipo fármacos, a simples prática de “paciência” parece ser um desperdício. Aliás parece estar completamente em vias de extinção.

O tempo passa a correr e os medicamentos fazem efeito rápido ao fim de pouco tempo, já a paciência exige uma boa dose de calma, disponibilidade e tempo, coisa escassa hoje em dia. 

A vida corre a uma velocidade alucinante, um dia somos crianças noutro já somos adultos e parece que nem passamos pelos estágios intermédios. A sofreguidão é tanta que exigimos resultados no imediato, sem esperar que as coisas ganhem forma ou alguma segurança. Se não for já, não quero, se não tiver já o emprego, o carro, o namorado, a família, o livro, a resposta que preciso, mais vale passar à frente e esquecer. Parte-se para outra mas sempre no mesmo ritmo, sem dar tréguas ou parar para pensar porque não resulta. Não resulta porque não tem de ser, e não porque não se soube esperar. São sempre circunstâncias externas a nós onde reside o fracasso, jamais em nós ou na forma como lidamos com as adversidades.

Oiço tantas vezes: “mandei resposta hoje de manhã e estamos na hora do almoço e nada”. “Fiz a minha proposta agora e ainda não me deram feedback.” “Comecei a fazer dieta ontem e ainda não vejo resultados” e por ai fora. 

Quando se trata das relações entre as pessoas, a distancia entre o conhecer, o interesse e desenvolver parece uma interminável travessia no deserto que não deverá estender-se por mais de 24h, quando na realidade queremos um projeto de uma vida. 

Não sei que vida têm as outras pessoas, mas a minha prolonga-se do meu nascimento até ao desconhecido…e no entremeio acontecem montanhas de coisas, situações e pessoas… os que ficam porque querem e os que só transitam de um lado para o outro. As minhas 24h não cabem no tempo da modernidade. O que tenho para mostrar ou oferecer não cabe num espaço pequeno, precisa de dimensão em tempo, extensão e vontade.

A sorte, é que tenho paciência de um modo geral. E vou tendo cada vez mais, sempre que aprendo o que ela me pode dar em troca.

A paciência e eu, aprendemos em conjunto o verdeiro sentido de: perseverança.


Comentários


  1. Gostei deste teu texto. O tempo passa e amealhamos tanta coisa também, não é? Beijos.

    Banda sonora: Preoccupations - Bunker Buster
    ( https://www.youtube.com/watch?v=ZOLIHJKCu8M )

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    1. Boa escolha musical, como sempre! :) Em breve terei noticias interessantes para partilhar sobre o blog... fica atento. Beijinho

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