Hoje a minha avó faria 92 anos. Não sei traduzir em palavras a saudade que sinto dela. Supostamente o tempo cura tudo, eu sei que sim, neste caso irá atenuar mas nunca acabar com elas. Fico emocionada ao ver outras velhotas como ela, de casacos de malha sobre os ombros, com as saias de fazenda desalinhadas, os cabelos curtos puxados para trás com laca e de andar meio cambaleante. Às vezes quando as vejo a passar, por trás, parecem mesmo a minha avó e os olhos enchem-se de água. Fico um bocadinho a digerir esta imagem, foi uma vida inteira na companhia da minha avó, e não é fácil aceitar esta ausência. Apesar de tudo, viveu com qualidade de vida quase até ao fim, teve o que falta a muita gente, uma família que sempre esteve lá para ela, assim como ela, incansável. Neste dia, compravamos um bolo e íamos a casa dela cantar os parabéns, nunca falhamos. Da última vez já sem saber bem muitas coisas, quando viu as velas com 90, exclamou: quem é que faz anos? Tantos? eu não tenho
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