Nesta foto estamos nós as duas. A avó que sem saber já se estava a perder n a memória d o tempo e eu, que olho para ti e vejo a mesma de sempre, mesmo sabendo que já não eras. As fotografias têm destas coisas, imortalizam os momentos. Este passado que se torna presente, todas as vezes que volto a recordar estas fotos. Nunca serão futuro apesar de registarem detalhes que farão parte do meu presente e futuro , sempre. Devo confessar que revisitar as fotos da minha avó não me deixa triste nem evito fazê-lo. Sinto saudades dela, sim muitas, tenho inveja das netas por quem passo na rua de braço dado com as avós, tenho ! Queria poder fazer o mesmo, mesmo sabendo que o que vivemos foi bom. Foi nosso e apesar de não se repetir, já não se perde , e esse é um tesouro que valorizo. Recordo as minhas avós todos os dias, a maior para das vezes de forma inconsciente e involuntária. Uma situação simples e corriqueira, leva-me a elas. Relembra-me m...
É como limpar o lixo para baixo do tapete, não é por não o vermos que ele não está lá! Se não o limparmos (eventualmente um qualquer dia…), não haverá espaço para mais lixo por baixo do tapete. Uma parte fica escondida e outra completamente de fora, a transbordar por todos os lados, a gozar com a nossa cara para nos lembrar o que quisemos tanto esquecer. Desde de tenra idade que nos ensinam que não devemos tornar visível a nossa frustração e em particular a tristeza. Não devemos demonstrar “fraqueza” nem vulnerabilidade. Devemos engolir os sapos, limpar as lágrimas encher o peito e continuar, continuar, continuar… como se nada fosse. E como é possível fazer isto, sem nos danificarmos? Tudo o que fica acumulado acaba por vir ao de cima, mais cedo ou mais tarde. Mesmo as questões que julgamos bem resolvidas ou achamos nós que já sabemos lidar com elas. Seja para nos avivar a memória, seja para as resolvermos de uma vez por todas. Independente do motivo, acabam por se manifestar. ...