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Ser Cortez

É mais ou menos universal que as saudades não se medem pelo tempo.

Não sei quem inventou esta medida mas nem sempre é fácil contabilizar se temos mais saudades hoje que tínhamos ontem. As saudades são saudades, vivem por si, sem métricas ou medidas. Mais do que uma medida são um estado.

A nostalgia dos dias é imensa, sempre que relembro das minhas avós. Achava eu, que os meus avôs já tinham um bom barómetro para as saudades que uma pessoas pode sentir de quem se muito quer mas na verdade, a minha história é maior com elas. Foram elas que ocuparam um grande espaço do tempo da minha vida, estiveram lá: foram avós! Temos muita história juntas em momentos da minha vida que soube apreciar em pleno estas memórias.

Hoje, porque a minha avó Maria faria 99 anos não posso deixar de sentir saudades. Tenho saudades de tudo o que vivemos e ao mesmo tempo tento relativizar os últimos anos, que foram duros. Não é fácil assistirmos ao declínio de ninguém, muito menos de quem amamos com o coração e reconhecemos uma energia e liberdade contagiante.

Assim era a minha avó Maria, um espírito livre. Talvez seja por isso que prezo tanto a minha liberdade e a dos outros. Ela era livre de espírito mesmo que nem sempre a vida lhe tenha permitido essa rebeldia. Não era perfeita, como nenhum de nós é mas tinha uma inteligência e perspicácia aguçada. Sabia ouvir e pensar sobre o que lhe dizíamos mesmo quando a teimosia superava a resistência de um santo!

Indissociável de todos os momentos vividos na Pampilhosa, dos cafés, pastelarias e jardim Delfim Guimarães na Amadora. A minha avó era divertida, brincalhona, teimosa como uma mula, acarinhada por muitas pessoas, fazia um bacalhau à Brás, batatas fritas, arroz e Bucho como mais ninguém faz! Relembro-a sempre com carinho, penso nela quase todos os dias com um sorriso, escolhi o apelido que lhe competia e sou muito grata por tudo o que partilhou comigo.

Parabéns Avó.💗



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