Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada.

Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha.

É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor.

Voltando aos locais, que é isso que me importa.

A história reescreve-se as vezes que forem precisas e os sítios marcantes também se transformam connosco e com as situações. Ter sido feliz ali aos sete anos, aos quinze aos vinte e por ai fora, não quer dizer que não possa ser sempre feliz ali ou até mesmo infeliz… o nosso olhar muda, assim como as vivências e até a nossa noção de felicidade.

Naquele dia foi importante estar naquele local porque estava lá aquela pessoa, mas na segunda vez foi importante porque foi nesse dia que recebemos uma boa notícia e foi ali mesmo que nos disseram a boa nova. Mesmo quando só ali vamos para sentir o cheiro das árvores ou chorar, não deixa de ser o sítio onde fomos felizes.

São os sítios onde fomos felizes que nos servem de inspiração, então como é que não podemos voltar lá? Não faz sentido… é ali que tudo se torna possível e que a memória nos diz que somos capazes de voltar a ser felizes… e mesmo quando a felicidade não é da forma que gostávamos, ali, garantidamente somos sempre felizes. Temos provas.

O facto de voltarmos é prova disso.

Não devemos hipotecar um local por uma má lembrança, devemos sim reconvertê-la em qualquer coisas melhor ou em alguma coisa que nos reconforte. Se estamos lá de novo é porque a nossa história também passa por ali.

Não voltar significa que nunca iremos esquecer totalmente a infelicidade do que se quebrou e tirar proveito do bom que ali se viveu. E se nos cruzarmos com aquela pessoa lá? Paciência, significa que também ela faz parte do sítio… e que de alguma maneira também é importante para ela voltar. Somos nós que fazemos os locais com a nossa história, só depende de nós.

Senão correu bem uma vez, pode correr bem na vez seguinte. O mundo é um espaço aberto, as barreiras somos nós que as inventamos para nos apegarmos a coisas que não nos levam a lado nenhum. 

Devemos – SEMPRE -  voltar a onde já fomos felizes.
@praia da Galé_Albufeira

Comentários

  1. Olá Sofia,

    Hj vi q havia aqui novidade no teu blog. Ao ler o título fiquei logo a pensar: Como é que é possível defender isto de não se voltar aonde se foi feliz?

    Pq para mim é tb como dizes. Tratando-se de lugares é sempre bom voltar aos lugares por onde passámos. É bom revisitar os lugares aonde tudo foi maravilhoso e correr o risco de na segunda passagem as coisas serem bem mais cinzentas, mas o bom da coisa é viver as mudanças, perceber como se passou do lugar de sonho ao tal cinzento, isso é sempre enriquecedor.

    No plano das pessoas acho sempre bom podermos revisitar as pessoas tb, acho mesmo. O que é dificil com revisitarmos as pessoas é termos a noção das mudanças, aceitar que os dados hj são outros que estas pessoas hj reunidas aqui já não se vão comportar como se comportaram na outra vez na nossa memória. É uma prova dificil de executar quando se trata de pessoas é extremamente dificil e é por isso q a frase é tantas vezes usada neste plano. Mas por ser usada neste plano não quer dizer q tenha de ser seguida. :) Acho q somos nós que temos de deitar abaixo a barreira mental e sim saber revisitar tudo. Salvo algumas exceções, pq há sempre exceções...

    Beijos,
    Bruno

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  2. Claro que sim, existem sempre excepções! Mas de um modo geral, se fomos felizes é porque é importante para nós... e assim sendo, não há como ir contra aquilo que nos puxa. A palavra chave é "aceitar", a mudança, saber mudar e compreender o que muda connosco. Algumas coisas perdem-se para sempre, mas ganham-se sempre outras. E essas outras vão de encontro ao que precisavamos no momento. É sempre assim :)

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  3. Depende do contexto. Pode não só ser amor, mas um triste acaso da vida. Por exemplo, eu vivi na Hungria durante 5 anos, terminei lá os meus estudos, fiz amizades, também encontrei o amor. O problema é que a vida naquela altura era um bocado precária, não conseguia arranjar um emprego que me garantisse um futuro sustentável e por isso tive de voltar para Portugal.

    Na minha opinião, não devemos voltar a onde já fomos felizes porque tínhamos lá parte da nossa vida, e como o mundo e o tempo estao sempre a mudar, o mesmo espaço também muda e regressar a esse espaço, recordar o tempo que lá viveu e as pessoas e momentos, enquanto damos de caras com um espaço já mudado seria muito constrangedor, porque sentes que além de teres perdido algo do teu passado, sentes também que já não pertences aquele sítio.

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    1. Depende sempre do contexto...e cada história é uma história...

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  4. tb penso muito nesta expressão tão disparata. Acho que com o tempo foi adulterada. Eu acho que devia ser não voltes a um sítio em que deixaste de ser feliz. Onde sempre fomos felizes podemos sempre voltar. Aliás só nos afastamos por necessidade/impossibilidade. O sentimento que acho que explica a frase é quando nos desiludimos, um sitio nos deixa miseráveis mas depois tendemos a esquecer e como que por amnésia voltamos a bater na mesma porta, e logo volta tudo ao mesmo...felicidade aparente, desilusão e o estado miserável

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