As questões de identidade nacional andam pelas ruas da
amargura, nos dias que correm. Com quase meio milhão de pessoas a abandonarem
Portugal por ano, não é fácil fomentar a união, num país ao abandono. É assim
que se sentem as coisas… onde o capital
está acima das vidas humanas que alimentam o país e são cada vez menos e a
tendência é para serem cada vez menos e menos. Estaremos à beira da extinção?
(é tema para outro texto)
Então surge o futebol com o estandarte da união nacional, do
patriotismo, a mão no peito e as lágrimas a correrem quando toca o hino. Para
os que partem, as lembranças do que deixaram para trás e para os que ficam a
emoção do sangue que corre nas veias, com uma estoica força que os mantem nesta
terra por tempo indeterminado.
No campo jogam onze e por todo o mundo torcem milhões.
Quando entram em campo não são o Ronaldo, o Beto, o Miguel
Veloso, o Hugo Almeida… são Portugal. Sou eu, o Carlos, a Rita, o Pedro, a Ana…
somos todos nós. Não é o melhor jogador do mundo, é todo um país, de norte a
sul, ilhas, é Paris, a Suíça, é o português perdido num barco em alto mar…
quando entram em campo jogam por todos nós e com todos nós. O sucesso da seleção
é o nosso sucesso, e quando falham, falhamos todos…
Se o coletivo não está a funcionar, é todo um país que não
funciona. Nós torcemos com eles, para eles… e todas as vezes que entram em
campo, fico com a sensação que eles não sabem isso, continuam a ser eles próprios
e não Portugal inteiro na ponta de chuteira. E mesmo assim, com o Mundial como
uma montra para uma belíssima carreira internacional… mesmo assim, não comem a
relva!
Precisamos de renovação, sangue novo. Só assim vamos lá… são
ciclos que se fecham, como tudo na vida. É assim, faz parte. É preciso dar
espaço para que outros se entreguem à camisola e a vistam com orgulho e que nos
façam chorar de alegria. Sintam orgulho em Portugal e o demonstrem. Falta-nos
paixão…
É isso que eu não vejo, é isso que eu não sinto.
Precisamos todos de paixão, só assim vamos lá!
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