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A mostrar mensagens de maio, 2019

Pêlo de Arame

“Roubaram-me o Bobby.” É esta a nota do meu avô no calendário referente ao dia 7 de Dezembro algures nos anos 80. O Bobby era um pequeno cão pêlo de arame, bom para a caça de porte médio/pequeno com pelugem creme e com uma barbicha deliciosa. Foi para o quintal do meu avô ainda pequeno e quando desapareceu era ainda jovem, não teria mais de 2 anos (se tivesse). Os netos pequenos, trasnsformaram o Bobby na mascote, mais um elemento do grupo de brincadeiras. Ele gostava…respondia ao nosso assobio de crianças (que o meu avô não queria… para que ele obedecesse apenas ao assobio do dono) mas tanto o Bobby como nós, pouco ligávamos. O cão sabia quem era o dono. Era um excelente caçador. Sim, o meu avô era caçador e isso não lhe diminuía o amor pelos animais, muito pelo contrário. O amor que tinha pelos cães então, era expressivo. É daquelas imagens que se guardam das pessoas, o meu avô e um cão, dois ou três, foram vários ao longo da vida dele, foram vários ao longo da minha vida.

Inexistência

Def. adjetivo de 2 géneros: 1. que está em falta 2. que não existe É assim que se define a palavra inexistente: o que está em falta ou o que não existe. Algumas palavras só ganham realmente sentido quando algo está em falta ou deixa de existir, como é o caso da palavra inexistente. Tantas vezes usada e nem sempre fácil de materializar o seu sentido. A inexistência tem-me fixado os pés na terra, sempre que, sem dar conta viajo pela existência de pessoas e situações inexistentes. Deixo-me vaguear por pensamentos familiares e por memórias que ainda me parecem presentes, como se conseguisse estender o inexistente pelo presente. É tão real que parece verdadeiro. Como se ainda acenassem naquela janela, onde tantas vezes esperam por nós. Como se a rotina não tivesse mudado e as listas de compromissos não se tivessem reajustado à nova realidade. Ainda se sente tudo recente, como se não tivesse acontecido porque a presença não se ausentou na inexistência, faz parte do dia-a-dia

41 pelos 14

É assim que as coisas acontecem, por uma série de razões que nos ultrapassam mas nunca por acaso. Os 41 anos são o inverso numérico dos 14 anos e mais uma vez, nada acontece por acaso. Desculpem-me os mais céticos nestas coisas, eu já tenho provas suficientes para acreditar.  Aos 41 anos assentou toda a poeira que andava pelos meu céu! Toda a poeira que ficou particularmente confusa precisamente aos 14 anos. Ao contrário do que habitualmente se diz: “era jovem e parva” ou algo do género, era efetivamente jovem mas nunca em momento algum parva, tola ou algo semelhante. Tinha 14 anos e por isso, o que era naquela altura não é o que sou hoje ainda que exista em mim essa miúda de 14 anos que perdeu o avô após um período de sofrimento longo e que por esse motivo deixou de acreditar em Deus e em tudo o que dissesse respeito à fé. Que arrumou o encanto pela vida e pelas coisas simples em questões pragmáticas e palpáveis. Que optou por apagar da visão do mundo a magia para se cen