A Entrega

Nos catálogos de pessoas onde vivemos atualmente, expostos como entendemos e da forma que achamos que devemos, falta a entrega.

Parece que há um momento qualquer em que a realidade deixa de ser importante ou passa a ser qualquer coisa que não é bem real. Criamos personagens ficcionadas de acordo com o padrão regulamentar e deixamos de ser o que temos de ser ou o que somos.

Por isso tudo sinto falta da entrega. Da minha, e do resto do mundo.

Perdemos a noção que as conquistas se fazem com tempo e o tempo precisa de entrega. Queremos tudo para já, hoje, agora e se possível neste minuto. Aliás se não for neste instante, escusa de acontecer, escusa de vir porque depois já não vou querer mais. Somos crianças amuadas com o tempo e por isso não nos entregamos, como um castigo divino ao universo por ser mau e não fazer as coisas como nós queremos!

Tudo se resolve com um simples delete, “desamigar”, bloquear, remeter para canto, ignorar… da mesma forma que surge um interesse, um primeiro passo, um movimento, uma tentativa, acaba tudo na primeira contrariedade porque não corresponde ao ideal que construímos com ajuda da falsa realidade que teima em encher-nos a cabeça de pessoas e mundos perfeitos que não existem. 

Se calhar já não nos entregamos porque perdemos a capacidade em fazê-lo. Pode ser como nadar ou andar de bicicleta, não esquecemos como faz, mas ficamos perros se não o fizermos de tempos em tempos…

Sinto falta da entrega e das pessoas que sabem fazê-la. 


Comentários

  1. Tens toda a razão. :(
    E a chave da questão deve ser mesmo essa que apontas. A de se criarem personagens fictícias, ou deixam que os outros os vejam de uma forma, que não é a sua realidade. A entrega de uns e outros falha quando colocam os pés na terra.

    Banda sonora: https://www.youtube.com/watch?v=1MdrOrA99HU

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  2. Pois é...
    Os rádio macau, para mim sempre foram um mistério da música... nem sei bem como explicar ehehehe

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