Avançar para o conteúdo principal

Temos a vida que escolhemos

Dizem que somos nós que escolhemos o que queremos viver na vida que temos. Ou que temos de viver o que temos de superar, e quanto a isso não temos qualquer escapatória.

Em todo o caso, o que temos de viver conseguimos suportar. Não nos destacam para missões que não conseguimos comportar ou tolerar, e com isto concluo, que as pessoas com vidas difíceis, têm quase um estatuto de super heróis! Não só aguentam como ainda escolheram passar pelo que têm de viver, é dose!

De qualquer modo, ninguém fica a salvo. O que difere são as missões que cada um tem, os desafios que tem de enfrentar. São pessoais e intransmissíveis.

O difícil nisto tudo é perceber porque escolhemos sofrer, ou porque temos de sofrer. Sim, bem sei… o sofrimento faz parte da vida como a felicidade. E não estamos sempre em sofrimento ou sempre em euforia, vivemos entre um e outro, com picos em cada um deles. Só que temos a terrível tendência de “valorizar” a dor em detrimento da alegria. Achamos sempre que a dor se prolonga por um período interminável e que a felicidade acaba num fosforo, e na maioria dos casos estendem-se por tempos idênticos.

Matutamos tanto na dor, no que sofremos e nas penas que a tornamos ainda mais penosa do que ela é. A vida não é linear, é composta por ciclos. Nuns períodos estamos no topo da montanha, na euforia da felicidade e noutros estamos nas profundezas da escuridão e do sofrimento, contudo na realidade passamos a maior parte do tempo no meio. No limbo entre um e outro, sem termos de subir em excesso ou cair a pique. O segredo é mantermo-nos ali e não nos deixarmos arrebatar pelo delírio da felicidade ou pela angustia da dor.

É igualmente importante disfrutarmos tanto da felicidade suprema como da dor dilacerante, são estágios da vida. Não vamos simplesmente ignorá-los por saber que são efémeros, tudo a vida é efémero. Temos de aproveitar e deliciar-nos com todas as etapas, porque são momentos irrepetíveis.

Claro que não quero voltar a passar pela morte dos meus avós, são acontecimentos incontornáveis da vida. Mas só assim soube o que custa perder alguém que nos pertence e valorizar tudo o que me deixaram.

Os desafios são desafios, sejam eles quais forem, cá estaremos para enfrentá-los. 



Comentários

  1. Gostei deste teu post. Principalmente do parágrafo que começa com "Matutamos...". A vida é tudo menos linear. E para alguns o viver apenas no "meio termo" é a melhor forma de estar. Fez-me lembrar as palavras de uma filósofa brasileira (nossa contemporânea) Marcia Tiburi sobre o que é a felicidade, e o ser e o estar.
    Banda Sonora: Nancy Vieira - Amor Di Mundo
    ( https://www.youtube.com/watch?v=lerbA_pwAGo )

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...