O ser humano tem muitas dificuldades em cumprir os processos
que a vida impõe, o luto é um deles. Ninguém aceita de ânimo leve uma perda,
ninguém aceita a perda como mais uma etapa.
Somos educados e ensinados a lutar contra o luto, todos passamos por ele em alguma altura da vida, mas socialmente é nos incutido que devemos passar à frente de imediato. Não é bom ficarmos tristes, chorar ou deixarmo-nos consumir pela desolação, temos de avançar para outro estado o mais rápido possível.
O amor que se acrescentou - a pequena Valentina.
Somos educados e ensinados a lutar contra o luto, todos passamos por ele em alguma altura da vida, mas socialmente é nos incutido que devemos passar à frente de imediato. Não é bom ficarmos tristes, chorar ou deixarmo-nos consumir pela desolação, temos de avançar para outro estado o mais rápido possível.
Não é de todo mentira, temos de avançar e seguir em frente,
no entanto, precisamos também sentir a perda e para isso o luto é essencial.
Houve qualquer coisa importante que desapareceu, que partiu
para sempre, que mudou de plano e nos deixou um vazio incomensurável. Ignorar a
dor que isso nos provocou vai fazer com que essa mesma dor nos acompanhe por
toda a vida, precisamos gastar os "créditos" enquanto esta sensação
está presente e bem viva em nós. Caso contrário, vamos passar a imaginá-la cada
vez com mais força e com um sofrimento difícil de suportar.
As pessoas que saltam de relacionamento em relacionamento,
porque não conseguem ficar sozinhos, acumulam lutos atrás de lutos, agonias e
sofrimentos que vão carregar de um lado para o outro sem nunca resolver
verdadeiramente as questões.
Lamber as feridas, sentir e deixar-se sentir cai em
esquecimento nestes casos, e é essencial. A mais elementar noção de
sobrevivência, superar a dor que se sente, traduz-se num profundo respeito por
nós mesmos e por tudo o que é importante para nós. O luto é também saber
respeitar-nos no mais vulnerável que temos e solidificar o elo com o que
perdes.
Aceitar e respeitar a perda, chorar o que for preciso,
deixar doer o que for preciso e voltar quando tudo isso estiver a começar a
cicatrizar em nós. Não é sinal de fraqueza mas sim de sabedoria.
Uma coisa é certa, os tempos de luto de cada um, são isso
mesmo, o seu próprio tempo seja em que proporção for. Mesmo quando insistimos
em ignorá-lo, está lá. Vou ter sempre saudades dos meus avôs, das minhas avós,
do Jorge, do Vasco, do Boris, da Berta, do Paco e da minha Branquinha porque
nada se substitui mas pode-se sempre acrescentar.
O amor que se acrescentou - a pequena Valentina.
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