Finalmente “desconfinados“ e
depois de ter lido todos os desabafos e mais alguns que por ai se escreveram,
aproveito para partilhar a minha experiência. Durante este período o que mais
me disseram foi: “tenho pensado tanto em ti, tu ai sozinha…” e “como consegues
viver aqui sem ter alguém para conversar?”.
Foto:Photo by Aditya Saxena on Unsplash
Como explicar isto, sem
parecer demasiado filosófico ou uma balela. Estar só não significa estar
sozinha, mesmo estando sozinha eu não me sinto só, nunca senti. A solidão não
me pesa, nem nunca me pesou. Entendo que faça confusão a algumas pessoas mas eu
sou uma companhia porreira para mim própria e aprecio-me bastante. Por isso, o
estar sozinha não me causou mossa e o não conversar com ninguém também não foi
verdade, falei com muitas pessoas durante a quarentena, troquei muitas
mensagens, fiz inúmeras chamadas de vídeo, falei muito comigo mesma e com as
minhas gatas. Não senti falta de falar com mais ninguém. Peço desculpa pela
franqueza.
Faz-me alguma confusão que as
pessoas, grande parte delas, não sinta necessidade de apreciar o silêncio ou a
solidão. Obviamente que não é a solidão do abandono, da perda ou de algo deste
género, o saber apreciar o seu próprio tempo e espaço, conseguir pensar com
tempo, calma e ao seu ritmo na sua própria companhia. Na verdade, a publicidade
quando diz “se eu não gostar de mim, quem gostará?” não está apenas a dizer para
cuidarmos da nossa saúde e do que é visível, está a dizer-nos que devemos ser
amorosos com nós próprios e que devemos saber estar na nossa própria companhia.
Não quer isto dizer que não
tenha sentido saudades das pessoas, dos locais ou das coisas que habitualmente
faço livremente. O pior foi esta parte! O estar em casa gosto bastante, não
gosto de ficar em casa por obrigação ou sem a opção de circular por ai, imposta
por todas as restrições que a pandemia nos obrigou.
O tempo passou rápido, o tempo
passou lento. Uns dias foram bons outros uma seca desgraçada. Não li quase nada
mas fartei-me de limpar e organizar coisas. Pensei muito, defini projetos,
estratégias e orientações futuras que estou a cumprir. Prefiro ler em liberdade
do que em clausura, já retomei os bons hábitos. Ainda não decidi se volto ao
ginásio apesar de sentir saudades das minhas aulas de bike e spinning e saber
que me fazem muito bem.
Para já, é tudo uma questão de
adaptação. Entretanto já descobri vantagens nisto tudo… ir a qualquer lado
implica marcar, o que é bom, temos a certeza que vamos mesmo e que chegamos e
temos lugar. Visitei sítios muito turísticos quase sem ninguém e pude apreciar
e ver as coisas de uma outra perspetiva e isso tem sido fascinante. De certa
forma, agora sinto que o que temos em Portugal é mais nosso, e mais meu, do que
alguma vez foi. Desculpem as pessoas que vivem do turismo, tem sido
maravilhoso!
Banda Sonora para o post: Bombay Bicycle Club - Eat, Sleep, Wake (Nothing But You)
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=zFb86yrodxE
Na mouche Sofia. Hi5 para este confinamento e desconfinamento, e pseudo confinamento laboral e tudo mais, sinto-me bem. Pessoal em redor, falam como dizes, do tipo "Ah não, isto é horrível!" . Quero lá saber, sinto-me bem! Espera já disse isso.. Oh well! :D
Que bela banda sonora! Este ano bem que nos lixaram os festivais... enfim... temos de reservar a música para o pós-pandemia. Espero que esteja tudo bem contigo :)
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