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Fazer o bem sem olhar a quem

Diz-se que o bater das asas da borboleta aqui provoca um tsunami do outro lado do mundo, segundo a teoria do caos ou o chamado “efeito borboleta”. Pela mesma lógica, se espalharmos o bem e amor por aqui também o irão sentir no outro lado do mundo, não é assim?

Se não é, eu gosto de acreditar que é. Não advogo a máxima de “olho por olho, dente por dente” como se fosse preciso ser igual a um escroque para provar que temos razão ou para nos sentirmos iguais ou superiores a ele. A teoria do “Chico Espertismo” é uma questão cultural do português como bem se tem visto com o contornar das restrições covid, tem sido uma modalidade de sucesso nos dias que correm. O que nos sobra em desenrascanço parece não se aplicar ao sentido de comunidade e cidadania.

De qualquer modo, não é esse o motivo da minha reflexão. Eu acredito em algumas coisas sem precisar ter provas concretas que elas existem ou se processam de determinada maneira, digamos que é a minha fé. Mas uma vez por outra pareço esquecer-me que esta é a minha crença e por isso, duvido. Quando duvido é como se estivesse a fechar os olhos e exigir indícios que atestem esta minha “fé”. Depois de uns tempos de neblina surge o sinal que me devolve a certeza naquilo que acredito.

Desta vez veio na forma da minha gata. Qual seria a probabilidade de um gato sénior estar com uma saúde de ferro, depois de ter tido uma gata ligeiramente mais nova com tantos problemas de rins? Cada pessoa é uma pessoa e cada gato é um gato, bem sei, a idade não perdoa seja qual for a nossa forma. Qual não foi o meu espanto a comprovar que a gata sénior está incrivelmente saudável, obviamente que a genética desta gata não tem nada a ver com a da outra, não vieram da mesma ninhada, ainda assim fiquei feliz e ao mesmo tempo surpreendida.

Não é milagre nenhum que isto tenha acontecido, mesmo com boas características físicas a gata é sénior. O que aconteceu foi que na luta para salvar a outra gata, com ração especial e comida xpto que ela teria de comer em simultâneo com os tratamentos foi prevenindo esta gata de desenvolver os problemas da outra. Claro que poderia nunca desenvolver a mesma patologia mas é muito comum nos gatos os problemas de rins. Na tentativa de amenizar os problemas de uma gata, sem salvação possível, fui salvando a outra.

De forma inconsciente mas muito determinada na missão de tratar a gata e dar-lhe o melhor fim de vida possível, fui estendendo o prazo de vida da Joaninha. Enquanto fazia o bem a uma, estava a fazer o bem a outra. Deveria sempre sempre assim, com tudo o resto que fazemos. Fazer o bem por ser o correto, é o que nos faz sentir gratos e ligados ao mundo e com isso esperar o melhor. O melhor neste caso foi ajudar a gata a não sofrer tanto e trata-la e em paralelo este meu ato de amor fez com que a outra gata rejuvenescesse.

Só o bem desinteressado, sem esperar nada em retorno a entrega de amor por amor faz sentido. Se duvidas tivesse em relação a isso, as minhas gatas comprovaram-me que é mesmo verdade.



Comentários

  1. Banda sonora para o post:
    David Bowie - Cat People (Putting Out Fire)
    https://www.youtube.com/watch?v=A9I7U4nuR_I

    Esta música esteve para musicar o teu post "O Tempo Passa". Mas não. Depois esteve para acompanhar o post "Valentina". Só que não... Agora foi. :)

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