Nós, os portugueses ficamos sempre chocados (provavelmente
como o resto do mundo) quando vemos os tiroteios nos EUA e percebemos como é
fácil para eles arranjarem armas, mais ou menos sofisticadas, mas acessíveis a
qualquer um. A impressão que temos é que vão ali à esquina e em vez de beberem
um café, compram uma arma semiautomática (seja lá o que isto for) e desatam a
disparar em qualquer lugar.
Damos graças a Deus o mesmo não se passar por aqui…
Não temos armamento acessível, é um facto… mas podemos
comprar um carro e usá-lo praticamente como uma arma.
Nos últimos tempos, tenho assistido a cenas no trânsito que
batem recordes de irracionalidade! Agressividade, falta de civismo, estupidez,
imprudência, desleixo, descuido com a própria vida e com a dos outros… enfim,
tem sido um fartote!
Basta recordar o dia de ontem, com chuva! As pessoas continuam
a conduzir como se estivesse um belíssimo dia de sol, a velocidade mantém-se, a
proximidade com o carro da frente também, um dia como os restantes 365, só que
pior com stress do natal e as loucuras habituais desta quadra.
Tenho a sensação que as pessoas quando entram no carro
encarnam vários personagens: o Ayrton Senna do volante mas sem estar num autódromo
ou numa pista de corrida, aquele que sonha com um carro de alta cilindrada,
aquele que tem um carro de alta cilindrada e acha-se mais e melhor que todos no
auge da virilidade masculina e feminina, aquele que julga que o carro é uma
caroça, aquele que conduz mas tem um medo do caraças e aqueles que aproveitam a
condução para extravasar frustrações e angustias para cima dos outros… no fundo
quando nos cruzamos com alguém noutro carro, não sabemos se estamos perante um
Indiana Jones ou a Madre Teresa de Calcutá… e poderia ser linda esta descoberta,
mas não é! É horrível.
O que as pessoas fazem com e no carro delas, pouco me
importa… desde que isso não comprometa a minha vida, tudo bem. O que cada um
faz da sua própria vida, não me diz respeito e estão no direito deles. Agora se
pretendem matar-se a conduzir, que o façam sem envolver outras pessoas, é um direito
que lhes assiste. É o mesmo que ter uma arma… podem matar uns pombinhos, uns
coelhos, disparar para uns pneus ou candeeiros na rua… desde que isso não seja prejudicial
para mais ninguém, só lhes diz respeito.
Por isso, ainda que possamos respirar de alivio por que não
andarmos armados… esquecemo-nos que um carro é uma arma que temos na mão e que
a nossa imprudência pode custar a vida de outras pessoas e a nossa. Eu adoro
conduzir, é uma sensação brutal de liberdade, que me permite ir onde quiser só
porque sim, quilómetros e quilómetros sem destino se assim entender. Não me dá
nenhum super poder transcendente nem me torna num semi Deus…
A falta de civismo coloca-nos na mira de qualquer arma
destas de 4 rodas.
Dá que pensar.
Olá Sofia tens toda a razão. As coisas neste tema dos acidentes rodoviários em Portugal continuam más.
ResponderEliminarlembro-me que há bastantes anos atrás (não sei quantos) houve uma campanha de prevenção em que referia que em Portugal devido aos acidentes de viação com vítimas, vivíamos o equivalente a uma autêntica guerra civil.
Lembro-me de também sentir que por alguns anos (poucos) que os acidentes com vitimas nas estradas tinha baixado e quis acreditar que fosse devido a estas campanhas. Digo acreditei que foi assim porque não vi, e nem procurei dados que correlacionassem os dois fatos, as campanhas nos media e a melhoria nos números e nos comportamentos (alias não sei sequer se houve melhorias em algum período histórico, apenas senti que sim).
Olha nem por acaso fui testemunha no passado dia 28/11 de um aparatoso acidente, em estiveram envolvidos 2 veículos que se atiraram de forma completamente voluntária e inútil para um acidente brutal e do qual acredito que saíram todos ilesos. Não confirmei se estavam todos bem. Liguei para o INEM e assim que o socorro chegou fui-me dali. Tive sorte. Estes 2 carros que seguiam à minha frente nessa noite numa competição inútil quase se mataram. Dos danos que infligiram a um e a outro poderia ter resultado mais 1 eu, ou outros que seguiam nas sua vidas.
Enfim... Se se deixassem de palermices e se fizessem coisas melhores...
Pois é, lembro-me da campanha...forte. Achamos sempre que só acontece aos outros, infelizmente. As pessoas nem percebem os riscos que correm quando entram nessas competiçoes parvas... Por mais horrivel que isto possa soar, desde que só se prejudiquem a eles... mal menor, agora quando apanham pessoas como tu, que nada tinham a ver com a coisa, é criminoso.
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