Avançar para o conteúdo principal

Fragmentos

De tudo o que guardo em mim, isto é talvez o pior, o mais difícil de ocultar. É um esforço que me ultrapassa que me queima por dentro. Queria gritar, bem alto para todos ouvirem... para eu própria ouvir: é amor.

 Acredita que é amor!

Não queria esconder, mas não sei ser de outra forma. Tenho medo. O silêncio é a minha defesa. Se eu não souber mais ninguém sabe. Se eu não disser mais ninguém ouve. Se não partilhar é como se não existisse...

Inspiro.
Inspiro.
Expiro.

Não sai. Fica lá, agarrado as entranhas, como se afirmasse: dai não saio e daqui ninguém me tira. E não sai, não morre, cresce, ilude-se, emociona-se, duvida... Colado nas paredes da pele e dos ossos, que o extraem das células como o néctar divino.

Todos desejam o que tu tens. O que julgas ter, o que tens medo de sentir. E tu que fazes?
Não crês..
.
Não queres crer... Nem ver, nem sentir, nem cheirar, nem lembrar, nem esperar muito mais...

Tu queres isso tudo. Não sabes como... És incapaz. Tens medo da tortura que isso te possa causar, mesmo que ainda não tenha chegado e que até possa nunca vir a chegar. E fechas-te. Apagas a luz. Choras. Queres mas não sabes como e não consegues falar. 

Não tens coragem, nunca foste valente... É a cobardia do não que temes... Estremece-te o corpo só de pensar. Os calafrios do pânico...

Só dependo de mim. Ainda que também dependa deste amor e não saiba o que fazer com ele. 


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem pre

Nirvana no dramático de Cascais

Apropriado para esta semana, em que fui ver o documentário sobre a vida do Kurt Cobain.  Fiquei a entender porque se apresentou em Cascais completamento apático. O concerto aconteceu a 6 de Fevereiro 1994 e o Kurt cometeu suicídio a 5 de Abril do mesmo ano. Não devia estar no auge do contentamento... No palco esteve apenas para fazer o que lhe competia com nenhuma interacção com o público. Apenas cantou e tocou, sem dirigir uma única palavra ao público presente. Na altura achei aquilo demais, e fez-me gostar menos de todo o concerto. Só que eram os Nirvana e a eles tudo se perdoa. Recordo do meu pai me dizer: "olha aquele tipo que foste ver no outro dia, morreu. Estava a dar nas noticias." Acho que nem fiquei surpreendida, talvez suspeitasse que seria o desfecho lógico.  Sempre achei que o Kurt Cobain era um homem denso, profundo e melancólico e comprovou-se com o documentário.  Não iria dar para viver mais do que foi. A vida não foi fácil para o Kurt, um tipo se

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi