De tudo o que guardo em mim, isto é talvez o pior, o mais
difícil de ocultar. É um esforço que me ultrapassa que me queima por dentro.
Queria gritar, bem alto para todos ouvirem... para eu própria ouvir: é amor.
Acredita que é amor!
Não queria esconder, mas não sei ser de outra forma.
Tenho medo. O silêncio é a minha defesa. Se eu não souber mais ninguém sabe. Se
eu não disser mais ninguém ouve. Se não partilhar é como se não existisse...
Inspiro.
Inspiro.
Expiro.
Não sai. Fica lá, agarrado as entranhas, como se
afirmasse: dai não saio e daqui ninguém me tira. E não sai, não morre, cresce,
ilude-se, emociona-se, duvida... Colado nas paredes da pele e dos ossos, que o
extraem das células como o néctar divino.
Todos desejam o que tu tens. O que julgas ter, o que tens
medo de sentir. E tu que fazes?
Não crês..
.
Não queres crer... Nem ver, nem sentir, nem cheirar, nem
lembrar, nem esperar muito mais...
Tu queres isso tudo. Não sabes como... És incapaz. Tens
medo da tortura que isso te possa causar, mesmo que ainda não tenha chegado e
que até possa nunca vir a chegar. E fechas-te. Apagas a luz. Choras. Queres mas
não sabes como e não consegues falar.
Não tens coragem, nunca foste valente...
É a cobardia do não que temes... Estremece-te o corpo só de pensar. Os
calafrios do pânico...
Só dependo de mim. Ainda que também dependa deste amor e não
saiba o que fazer com ele.
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