Perdi a noção do tempo. Não sei o que fiz hoje, ontem e esta semana. Não sei quando te vi pela última vez. Não me lembro quando andei pela última vez de bicicleta. Não me recordo dos teus contornos ou cheiro. Vivo os dias fora do tempo. Estou sempre um passo à frente. Desfasada da realidade e dos dias presentes. Não vivo no mesmo espaço temporal do resto da humanidade. O meu calendário segue um ritmo próprio. Alguns dias não se perdem irremediavelmente, repetem-se até funcionarem. Dentro disto tudo, dão-se r eencontros com espaçamentos de vários anos que parecem que foram ontem. Vozes que nunca se esquecem. Viagens e momentos que se revivem vezes sem conta, não por saudosismo mas pela alegria contagiosa de felicidade. Sentimentos que não se esgotam. Ainda assim somam-se vazios. Perdem-se lembranças. Relativizam-se importâncias. Instauram-se buscas aos desaparecidos, mortos e vivos. Já ninguém sabe como é simples querer bem. Os espaços ficam ocos, vazios.
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