Avançar para o conteúdo principal

Perder a fé

E o que será isto?
Perder a fé em nós? No mundo? Nas pessoas? Vamos por partes…

Diz a etimologia que a palavra fé, tem origem no Grego "pistia" que indica a noção de acreditar e no Latim "fides" que remete para uma atitude de fidelidade. Vou ignorar a versão religiosa de fé em qualquer religião que seja, são demasiado assustadoras e castradoras. “A Fé é uma palavra que significa "confiança", "crença", "credibilidade". A fé é um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa. Ter fé implica uma atitude contrária à dúvida e está intimamente ligada à confiança. Em algumas situações, como problemas emocionais ou físicos, ter fé significa ter esperança de algo vai mudar de forma positiva, para melhor.”

Ter esperança no melhor que há-de vir, parece-me perfeito. Logo tenho fé.
Já a crença e credibilidade fazem com que a minha fé, que é grande, por vezes encolha. O crer em algo ou em alguém. Tudo o que não esteja apenas e só dependente da minha intervenção, que é a única coisa nesta vida em que podemos confiar – nós mesmos – tudo o resto nalguma circunstância especifica, faz-nos questionar a nossa fé, especialmente no outro. E metemos tudo e todos no mesmo saco, são todos iguais e subitamente deixam de existir boas pessoas, verdadeiras ou integras. São todos uns mentirosos que apregoam aos sete ventos a justiça e certeza divina como se fossem senhores da razão mas estão cheios de telhados de vidro.

Se acreditarmos muito numa mentira ela torna-se verdade? Não, passa de mentira para ilusão. Não é real. É tudo é falso.

“Não sei prever o futuro, não sei se vai dar ou não. Se resultamos ou não… não sei.” Sabes sim, não queres dar oportunidade nenhuma e estás simpaticamente a deixar no ar, um talvez, porque és cobarde demais para dizer não. O talvez é mil vezes pior que o não. Deviam aboli-lo. É o refugio da cobardia. Ou dá ou não dá. Ou se bem que se tenta com a boa intenção de arriscar verdadeiramente ou então não se tenta e ponto final. Tudo válido, tudo aceitável, desde que devidamente esclarecido. Antes uma verdade dura que uma mentira piedosa.

E quando se perde a crença em alguém importante, como se recupera?
Ainda não sei.


Comentários

  1. Banda Sonora: The National - 'The System Only Dreams in Total Darkness'
    ( https://www.youtube.com/watch?v=2O6duDDkhis )

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem pre

Nirvana no dramático de Cascais

Apropriado para esta semana, em que fui ver o documentário sobre a vida do Kurt Cobain.  Fiquei a entender porque se apresentou em Cascais completamento apático. O concerto aconteceu a 6 de Fevereiro 1994 e o Kurt cometeu suicídio a 5 de Abril do mesmo ano. Não devia estar no auge do contentamento... No palco esteve apenas para fazer o que lhe competia com nenhuma interacção com o público. Apenas cantou e tocou, sem dirigir uma única palavra ao público presente. Na altura achei aquilo demais, e fez-me gostar menos de todo o concerto. Só que eram os Nirvana e a eles tudo se perdoa. Recordo do meu pai me dizer: "olha aquele tipo que foste ver no outro dia, morreu. Estava a dar nas noticias." Acho que nem fiquei surpreendida, talvez suspeitasse que seria o desfecho lógico.  Sempre achei que o Kurt Cobain era um homem denso, profundo e melancólico e comprovou-se com o documentário.  Não iria dar para viver mais do que foi. A vida não foi fácil para o Kurt, um tipo se

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi