Viver e Morrer

Matar, morrer, morrer e matar. Os fins justificam os meios ou assim se diz. Será uma crença ou uma verdade? 

Nascemos para morrer e no meio do caminho vivemos. Ou nascemos para viver e o desfecho inevitável é morrer? 

Morrermos de amor, de tristeza, de agonia e de fome. E vivemos exactamente pelos mesmos motivos, somos criaturas estranhas. Quando estamos mal queremos morrer, quando sofremos muito queremos morrer e quando estamos no auge da felicidade dizemos: se morresse hoje, morreria feliz! O morrer que tira tudo, na conclusão de um percurso que se deseja longo, pode representar o máximo das conquistas terrenas. O fim do fim, um percurso sinuoso em oscilações de bom e mau. Temos de viver com esta incerteza do que se irá passar no meio, e única certeza que conhecemos é o termos nascido e o medo latente do fim, quando deixarmos de estar ligados pelos fios invisíveis que nos dão a luz da vida. E depois? Nada. Sabe-se lá.

Entretanto encenamos em vida vários finais, brincamos com o fogo nas várias formas possíveis. Somos felinos, com menor agilidade, mas com um maior número de créditos de vida. Simulamos que somos Deus, deixamos que outros nos salvem e ganhem esse estatuto por mérito próprio. Dormimos com a luz acesa com medo da escuridão, quando a escuridão é tudo o que nos espera, algures do outro lado. Na dimensão desconhecida que fica para lá do nosso corpo inerte.

Abraçamo-nos para sentir que estamos vivos, para sentir que o outro está vivo. O coração bate e o corpo está quente, sente-se um corpo com vida e energia que nos conforta. Tocamo-nos para nos sentirmos reais, a respiração que entra e sai pelo nariz e que antes percorre o interior do nosso corpo como um sinal da vida que temos. A mãe que gera um filho, e que o sente crescer no ventre, sabe que está viva e que carrega vida. Dão-nos a vida, mas somos nós que a merecemos, é nossa.

Morrer será uma dádiva ou apenas uma consequência?

O desconhecido da morte é tão imprevisível como o futuro, inevitáveis mas certos. Sabemos que existem, não sabemos como e quando chegarão, como os vamos viver e o que nos reservam. Na verdade, é hoje que conta. Todas as inspirações e expirações deste momento, todas as pulsações que contam, são as de agora.  

Viver sempre antes de tudo. Morrer só quando tiver de ser, um dia.

(foto: Rute Obadia: https://www.facebook.com/ruteobadia.fotografia/)

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