A imortalidade é o sonho da humanidade.
Se desse para viver para sempre com qualidade de vida, saúde e juventude seria o ideal. Não tenho dados que comprovem esta minha afirmação, mas parece-me que é o desejo de uma boa parte das pessoas do mundo. O tempo que temos nunca é suficiente para fazermos tudo o que queremos...
Nestes dias em que se comemora o dia de todos os Santos e os finados, o tema da imortalidade vem mesmo a calhar. Neste dias relembramos os que já partiram, os ausentes que não são esquecidos.
Confesso que me faz muita confusão visitar cemitérios com campas abandonadas e esquecidas pelo passar do tempo, algumas com datas muito antigas, pessoas fora deste tempo que a memória perdeu e nunca mais se irá recuperar. É por isso que quando morrer quero ser cremada, para não ficar ao abandono num qualquer cemitério do mundo.
O maravilhoso disto tudo é que sinto que sempre que me lembro de alguém que já partiu - próximo ou afastado - estou a contribuir numa pequena parte para que a sua memória se torne imortal. Esta imortalidade é sempre à nossa proporção, os momentos em que recordo um amigo de infância que perdi, estou a imortalizá-lo na minha memória e sempre que falo nele, é como se tivesse a transferir um bocadinho dele para outra pessoa, que um dia mais tarde irá partilhar com outra. Talvez esta seja uma ideia demasiado poética ou até surrealista, mas efectivamente a história mostra-nos que existem pessoas imortais, pelos mais diversos motivos. Uns porque deixaram marcas nas politica, na construção do mundo, na arte, na música nos descobrimentos... a história irá sempre guardar-lhes o que lhes é devido. O Lou Reed está neste momento a fazer música com o Jim Morrison no panteão das estrelas rock, é praticamente certo! O contributo destas pessoas foi tão forte, que mesmo depois de mortas irão fazer parte do nosso dia-a-dia.
O mesmo se passa com as pessoas marcantes na nossa vida, cada história vivida, cada partícula guardada confere-lhes o estatuto de imortais personalizados. São só nossos, uns fazem parte do nosso ADN, outros do nosso coração, outros da alma... em diferentes graus de importância, mas sempre presentes na rotina da vida. Não deixá-los cair em esquecimento, faz com que vivam dentro de nós. Mas acima de tudo, devemos honrá-los em vida para que a partida não seja tão dura e para que não fiquem coisas por dizer ou viver. É nesta esfera temporal e no presente que temos de apreciar a família, amigos, conhecidos... para construir o património de memórias futuras.
Nunca vamos estar preparados para perder uma pessoa que amamos, mas temos o dever de estar sempre preparados para perpetuar a sua memória. É um compromisso de amor, umas linhas invisíveis que nos unem para toda a eternidade.
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