Avançar para o conteúdo principal

Hoje, seriam 70 anos de vida...

Pode-se sempre celebrar a vida depois da morte, porque há pessoas que não morrem. Quando a memória da minha existência se tiver perdido no tempo, o Jim Morrison irá continuar a viver pela música, pela poesia e pelas imagens. Um bocadinho de mim também irá manter-se vivo na história universal do Jim Morrison e dos Doors, não se conseguem dissociar, assim como eu não os dissocio de mim, somos um todo.

Não sou de vícios ou de fanatismos, os exageros não me assentam… bem alguns! De qualquer modo, não é de todo um exagero, como o amor nunca é exagerado. Foi amor à primeira vista, o canto das sereias que me hipnotizou até hoje. Não é um gosto consensual, mas há muito mais para além do que se ouve e do que se vê, é preciso abrir as portas da perceção para entrar, ou como fez o Aldous Huxley, entrar numa trip de LDS e mescalina, para ver para além do óbvio e elevar a mente. Mas no meu caso não preciso de drogas auxiliares para me fazer ver mais além, basta deixar os acordes do “Light My Fire” ou “When the music’s Over” começarem a tocar para a alma saltar do corpo!

A música dos Doors é universal, quer se goste ou não. O Jim Morrison é um marco da história do mundo, e não é apenas pela música. A carreira musical deu-lhe projeção para estar hoje a falar dele, mas mais uma vez para além do que mostram as imagens ou principalmente o filme do Oliver Stone, este era um homem especial. Tinha a vantagem de ter uma beleza física colossal, de ser um homem alto e vistoso e acima de tudo por ser um homem extremamente inteligente. Com uma inteligência refinada, filosófica muito à frente de qualquer tempo. 

A imagem de excessos, drogas, álcool, sexo e rock n' rock ajudam a cultivar o mito. São factos históricos inegáveis da loucura dos anos 60 no seu esplendor! Mas são uma ínfima parte da riqueza deste homem. Tudo nele é excessivo: a inteligência, o carisma, a atracção, a cultura, o espírito rebelde e aventureiro e o amor. Só assim se entende uma vida tão curta, um mix de ingredientes que tornam este homem uma figura incontornável da história universal. 

Pela música ficou também a poesia, a sonoridade única e performances memoráveis. Os quatro Doors em conjunto preencheram as lacunas de cada um, formaram os complementos perfeitos, que se sentem nos acordes da música, singular que produziram.

Nunca conseguirei explicar correctamente como surgiu a nossa ligação mágica, é muito mais profundo do que as minhas palavras conseguem transmitir, talvez por ser uma coisa só minha, com um toque de exclusividade. Não ouvi Doors em minha casa e descobri que existiam quase acidentalmente... pode ser como se costuma dizer: "o que tiver de ser, será", neste caso tinha mesmo de ser.

O Rei Lagarto, se fosse vivo, hoje faria 70 anos. 

Jim Morrison - 08. Dez. 1943
*https://thedoors.com/home para quem quiser saber mais.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem pre

Nirvana no dramático de Cascais

Apropriado para esta semana, em que fui ver o documentário sobre a vida do Kurt Cobain.  Fiquei a entender porque se apresentou em Cascais completamento apático. O concerto aconteceu a 6 de Fevereiro 1994 e o Kurt cometeu suicídio a 5 de Abril do mesmo ano. Não devia estar no auge do contentamento... No palco esteve apenas para fazer o que lhe competia com nenhuma interacção com o público. Apenas cantou e tocou, sem dirigir uma única palavra ao público presente. Na altura achei aquilo demais, e fez-me gostar menos de todo o concerto. Só que eram os Nirvana e a eles tudo se perdoa. Recordo do meu pai me dizer: "olha aquele tipo que foste ver no outro dia, morreu. Estava a dar nas noticias." Acho que nem fiquei surpreendida, talvez suspeitasse que seria o desfecho lógico.  Sempre achei que o Kurt Cobain era um homem denso, profundo e melancólico e comprovou-se com o documentário.  Não iria dar para viver mais do que foi. A vida não foi fácil para o Kurt, um tipo se

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi