O arrependimento

Como se pode arrepender de uma coisa que não se fez?

Se não se fez, não se sabe…digo eu. Logo, não nos podemos arrepender disso…
No limite poderá ter pena de não ter feito, mas não poderá ser verdadeiramente arrependimento...

Quando alguém me diz: “se não fizeres arrependes-te…”  e que garantias tenho eu disso? Posso arrepender-me de fazer e posso arrepender-me de não fazer… é 50/50… suponho. Quando se tem uma tirada destas, entendo eu, que pressupõe que o outro tenha garantias absolutas que o mais certo é avançar, sabe, está confiante que é o que é melhor para nós ou o que deseja que o façamos porque de alguma maneira o/a envolve.

Mas eu tenho dúvidas, porque senão avanço é porque de alguma maneira não estou preparada, não quero, não me interessa, não me apetece fazer o jeitinho ou até faço mas um bocadinho contrariada e ai garantidamente vai ser contraproducente, porque provavelmente me vou arrepender de ter feito e acima de tudo porque o faço de muita má vontade, com o espirito: só não te mando bugiar porque sou uma tipa muito porreira, mas quero que esta porra acabe depressa.” Deste modo a lição é clara: nunca mais fazer nada que não se deseje, só se for para ajudar alguém!

O avançar pressupõe ser-se espontâneo e eu penso muito, logo ai, não dá de todo. Por vezes nem sequer é hesitar, é precisar perceber as implicações… e nem sempre é medo do quer que seja, pode até ser alguma indolência admito… simplesmente não estou com vontade de abrir os flancos, quero ficar onde estou e não quero que ninguém questione essa minha vontade, é um direito. No entanto algumas pessoas são insistentes, e tem dias em que dá para cordialmente tentar explicar que não apetece mas noutras ocasiões, não existe fofura possível quando apenas se quer mandar alguém à merda, sem rodeios. É um mau dia…

Até hoje o único arrependimento que tenho devidamente identificado, foi o de não ter feito Erasmus. Mas tinha um outro plano definido e uma linha condutora, que na época era a lei em vigor para mim. Fiz o que considerei correto, e foi…mas não o mais benéfico, mesmo que na prática não me tenha prejudicado. Mas deixei passar uma oportunidade de diversificar conhecimento e experiência, porque tinha outro rumo para mim (isto quando achava que era dona disto tudo… e que mandava na minha própria vida e direção, sem outras interferências: parva sabichona). Felizmente já não penso assim. Bem, senão tivesse aprendido nada com o passar do tempo, isso sim, seria o drama, o horror!!!! 

Algumas ocorrências na vida não são arrependimentos, são "partidas do destino"… temos de mudar o curso por alguma razão ou encontrar alguma solução. Não as vejo como arrependimentos são novas estratégias, adaptação, mutação, transformação…sonha-se com uma coisa e depois dá noutra, eu tive a sorte de ter convertido uma perspectiva de realidade para a minha vida numa outra alternativa, que me saiu bem. Se calhar tive sorte… não sei, mas que me correu bem, lá isso foi verdade. De qualquer modo, uma realidade não anula um sonho importante... pode só requalificá-lo. 

Se calhar também tive sorte com os arrependimentos. Não sinto que tenha vivido alguma coisa que me tenha arrependido por falta ou por efeito, até porque não perco muito tempo a pensar nisso (o que é estranho para uma pessoa que pensa muito...) por isso, todos os arrependimentos devem ir embora com facilidade. Antes assim...


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