He would be somebody I would be proud to know...

Como bem me relembrou um amigo a música do Carlos Tê: “não se ama alguém que não ouve a mesma canção”, vou começar por ai este texto, em mais um aniversário do nascimento do Jim Morrison. Uma data que nunca me passa ao lado.

Entendo que é difícil estar com alguém que não acompanha este meu lado B: os concertos, os festivais, os espetáculos, as viagens… isso tudo que enriquece a vida todos os dias. Como por exemplo, ir ao Porto só para falar com um expert dos Doors, que por acaso está no Porto, mas se estivesse em Budapeste seria igual. É isso tudo…

Não são os gostos musicais, aceito os gostos mais variados e as tendências musicais de cada um, mas sou muito possessiva tratando-se dos Doors. Pouco me importa se gosta ou não, não pode é falar mal, isso é ponto assente! Os Doors são uma coisa minha, não critico quem não gosta nem quem gosta. Quando falo com quem gosta, preciso perceber o grau de envolvimento, só para conseguir acompanhar. Como para mim é muito, não posso simplesmente começar a desbobinar tudo, sem antes filtrar o que o outro está preparado para ouvir. E nunca será tudo, como é óbvio porque a proporção que me liga aos Doors é gigantesca.

Com os Doors é assim. Sou o que sou, também porque gosto dos Doors, pela música, pela história, pela poesia e por tudo o que já passámos em conjunto. Não foi à toa que os escolhi como tema para a tese de mestrado, sabendo de antemão o peso da responsabilidade que iria recair sobre mim. Não poderia falhar com eles, comigo, connosco. É bem mais fácil escolher temas com que tenhamos algum afastamento do que assim… confesso que tive um momento de bloqueio, em que pensei: porque foste escolher fazer isto??? Consegui manter algum distanciamento para bem da objetividade da tese, mas não foi nada fácil.

Relembro isto hoje, porque é uma data importante. A história é feita de marcos e de personagens inesquecíveis, seja em que campo for. E o Jim Morrison, teve o quinhão dele, na música e na história dos EUA, eu faço a minha parte.

Vi outro dia uma entrevista do Almirante George Morrison, pai do Jim, (que partilho hoje) em que dizia não ter tido a noção de tudo o que o filho fazia na altura e do que fizera. Não fazia ideia do talento do filho com artista, chega mesmo a constatar: “fui um pobre interprete do seu talento”, não deve ser fácil para um pai dizer isto sobre um filho.

No entanto, acrescenta mais à frente na entrevista: "He would be somebody I would be proud to know!" já com os olhos brilhantes de orgulho e emoção.

É provavelmente das melhores coisas que um pai poderá dizer sobre um filho.

Concordo em absoluto.

Comentários

  1. Sofia este teu post está muito bom, uma otima homenagem ao Jim Morrison. Vi o video e reparei numa outra frase importante do pai do Jim, que diz algo como "os seus (do Jim Morrison) standards éticos eram bastante elevados".
    É magnífico.

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  2. Olá Bruno! Obrigado :) eu gosto muito de Doors e acho que muito ficou por decifrar sobre o Jim Morrison, a história apesar de tudo não lhe faz justiça. Felizmente, temos em Portugal o maior expert na matéria que tem ajudado a clarificar este lado mais humano do Jim Morrison e tem permitido ver mais além dos excessos do filme do Oliver Stone, numa proporção muito mais pequena, mas mil vezes mais profunda. É o caso deste vídeo que descobri por acaso, a relação com a família parece que quase não existe no filme, claro que houve um ruptura com um pai militar que provavelmente gostaria que o filho tivesse tido uma profissão "normal"... que tivesse tirado o curso de Filosofia em vez de cinema... são situações que acontecem em todos os tempos e gerações, os pais querem sempre o melhor para os filhos...mesmo que de forma desalinhada. Neste acaso, este pai só conseguiu perceber isso tudo depois de ter perdido o filho e ter constatado a dimensão do legado que deixou.

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