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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2016

Desejo

Podemos desejar muito. Podemos desejar tudo. Se acreditarmos que merecemos este mundo e o outro, dificilmente alguém ou alguma coisas nos conseguirá deter. As proporções são sempre desproporcionais, entre o que achamos e sentimos que é nosso de direito e o que os outros acham. O que o mundo nos está disposto a dar depende sempre do nosso grau de empenho e conquista. O que os outros acham pouco importa, até porque irão achar que foi apenas sorte, e não trabalho o que conseguimos. Irão sempre achar-se injustiçados. Os outros serão sempre os outros, no seu próprio caminho. Se não vergamos somos arrogantes. Se vergamos, somos fracos. Se queremos muito, petulantes. Nunca haverá consenso. Nunca será fácil. É preciso inspirar e expirar. Parar, avançar e nunca desistir. Moldamo-nos com o tempo. Construímo-nos todos os dias. O que precisas de verdade? Sabes? Podes estar apenas a alimentar uma ilusão. Vais chegar lá, mas não vais ficar preenchido. É o risco que se corre, quando nã

Morrer

Morre-se de saudades, de sede, de fome e de vontade. Morre-se todos os dias quando não se diz o que se quer. Quando vivemos subjugados pelo medo, pela indiferença, pela crueldade e falta de amor. Morre-se com o veneno dos dias medíocres, das pessoas, dos entraves e dos boatos. Morre-se com saudades do que nunca se viveu, do que se viveu, dos que já partiram, das almas boas que seguem, dos cães e dos gatos. Morre-se de frio e de calor. Morre-se de ignorância, da falta de raça e do rancor. Morre-se da doença física e espiritual. Morre-se porque é o fim natural de todas as coisas.  

Ciências exactas

Exactas não, mais do que isso: precisas, certeiras… Quando nos ensinam na escola que menos com menos dá mais, diz a matemática, não parece lógico. Mas é assim, menos com menos dá mais. Se cada um dá menos, terá de ser um menos em proporções iguais para dar mais? A matemática nunca foi o meu forte. Dá mais como? Se é menos, e que eu saiba o menos é pouco. Convencionou-se que é pouco. Ou é um menos com qualidade e por isso fica positivo? Não é a proporção mas a intensidade. Ou tem de se trabalhar mais para que o pouco se converta em muito? Ou mais. O mais pode não ser necessariamente muito. Esta é uma boa reflexão para acompanhar com álcool. Se ambas as partes dão cada vez menos, tendem a desaparecer. Os elos quero dizer… nenhuma relação se mantém a conta gotas. Ou não devia. Hoje tudo é possível e permitido desde que aceite por ambas as partes. Só que alguém fica sempre prejudicado, porque dá mais na esperança de aumentar a proporção em que recebe, é um risco que se corre. É um

Turismo

Fazer turismo é provavelmente a melhor ocupação que se pode ter. Não é fazer turismo como quem faz turismo.  É saber fazer turismo, sem medo de descobrir o desconhecido. Aceitando os imprevistos, a falta de luz e a fome. Um turismo diferente, pensado para pessoas, situações e locais diferentes. Não é ser um turista acidental nem fazer turismo só por fazer.  É ser aventureiro, explorador daqueles sítios reservados aos poucos heróis que têm sorte de descobrir todo um mundo escondido. Os que acreditam no que sentem e atiram-se sem medos. Os que socorrem os apelos do corpo com viagens turísticas aos pormenores mais recônditos do corpo humano. Não é para todos, só os corajosos chegam lá. É sobreviver aos dias maus. Às chuvas e trovoadas. Ao pouco, ao muito e ao nada. É saber esperar, como um caçador espera pela presa. O momento certo faz a diferença. É saber farejar, lamber e rastejar os pormenores nas pequenas dobras, detalhes, sinais e marcas. Mapas de tesouros que nunca nos

Contra-relógio

Chegou a revolução. Quando se quiser, como se quiser. Sem barreiras, hoje. Tem de ser hoje, só porque eu quero. E quem manda aqui? Eu. Não há roupa. As palavras saem de forma fluente e ordenada. O dia é igual à noite. Amanhã não se trabalha e eu decreto-te como património da humanidade. O telefone toca e tu atendes. O meu telefone toca e eu atendo. Diz-se o essencial. Compreende-se tudo. Sinceridade. Amor. Amizade. Cocktail. Tudo num só copo. Começamos pelo principio. Partimos sem bagagem. Quem manda aqui, sou eu. Não existem regras. Eu atiro coisas e tu apanhas. Tu atiras coisas e eu apanho. É hoje o dia da revolução. Fica só o essencial, acima de tudo fica o essencial. 

Articular palavras

  Arte, saber, domínio. Dom. Tenho alguma dificuldade em conseguir articular verbalmente tudo o que consigo escrever. Quando escrevo, oriento as ideias, elimino partes, mudo os sentidos, consigo encadear as palavras de forma lógica e orientada. Fazem sentido assim, querem dizer isto assim ou mais. O que é claro fica mais claro, os subentendidos mais sofisticados. Posso refletir, corrigir, reescrever, apagar tudo, voltar ao inicio. Escolho o tom que quero e como quero. Exponho mais ou menos consoante a minha vontade. Digo tudo e não digo nada. Quando escrevo o raciocino flui, não se sobrepõem como nas conversas. Dá espaço para que diga o que gostaria de dizer, bonito, feio, forte ou fraco.  O tom da minha voz atrapalha-me, o som das palavras mistura os contextos, já não sei o que quero dizer com principio, meio e fim. Nunca digo tudo ou digo mal, ou esqueço de metade. Não domino esta arte, o bom discurso tem de ser escrito primeiro. Ou bem treinado. Ou temos de ter o completo c