Avançar para o conteúdo principal

Salvação

Salva-me.
Não é um pedido, é uma urgência. Leva-me daqui, faz-me desaparecer. Se tiver de me dissolver em ti, que assim seja.

Durante algum tempo achei que iria ficar para sempre no momento exato que escolhi viver. Não é verdade. O tempo não parou, esticou-se até aos dias de hoje. Não me imaginava aqui, hoje e agora. Salva-me. Acreditei que algumas sensações nunca iriam passar. Serei sonhadora ou ingénua?

Não quero redes nem rédeas. Quero descomplicar o complicado, desfazer novelos e teias intrincadas. Quero que sejas tu mesmo e que me deixes ser como sou. Salva-me.  

Suportar os dias longos, os dias curtos, o frio e o calor. Viajar leve, sem destino ou bagagem. Acreditar que a liberdade é isto tudo e nada. Evitar prisões e precipícios. Aprender a sentir para fazer, esquecer de pensar. 

Salva-me antes que a noite caia. Guarda-me na alma como um bem precioso. Dedica-me tempo, entrega-te.

Juntos podemos salvar o mundo. Mas antes disso, salva-me. 


Comentários

  1. Desta vez a escolha da banda sonora foi imediata.
    Banda Sonora: Jagwar Ma - Come Save Me ( https://www.youtube.com/watch?v=pP8k6fmxWe4 )

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem pre

Nirvana no dramático de Cascais

Apropriado para esta semana, em que fui ver o documentário sobre a vida do Kurt Cobain.  Fiquei a entender porque se apresentou em Cascais completamento apático. O concerto aconteceu a 6 de Fevereiro 1994 e o Kurt cometeu suicídio a 5 de Abril do mesmo ano. Não devia estar no auge do contentamento... No palco esteve apenas para fazer o que lhe competia com nenhuma interacção com o público. Apenas cantou e tocou, sem dirigir uma única palavra ao público presente. Na altura achei aquilo demais, e fez-me gostar menos de todo o concerto. Só que eram os Nirvana e a eles tudo se perdoa. Recordo do meu pai me dizer: "olha aquele tipo que foste ver no outro dia, morreu. Estava a dar nas noticias." Acho que nem fiquei surpreendida, talvez suspeitasse que seria o desfecho lógico.  Sempre achei que o Kurt Cobain era um homem denso, profundo e melancólico e comprovou-se com o documentário.  Não iria dar para viver mais do que foi. A vida não foi fácil para o Kurt, um tipo se

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi