Avançar para o conteúdo principal

Ocorrências

Não escolhi, mas aconteceu.
Não escolhi, porque não teria como fazê-lo. Sem que pudesse intervir, ainda que pudesse prever ou antever, aconteceu quando teve de acontecer.

Com a naturalidade que é suposto a vida ter. Com a fluidez que a vida merece ter. Com o caminho que aceito como natural.

Nem sempre é fácil aceitar, que na nossa vida, algumas coisas não dependem nem da nossa vontade nem do nosso controlo. É especialmente complicado aceitar isto, quando se nasce com uma ideia pré-concebida que devemos prever e controlar tudo o que vamos viver. Desde o dia que nos lançam para dentro de uma escola, logo ai temos de decidir o que queremos ser, quando nem sabemos quem somos.

Especialmente complicado quando se sabe mais ou menos o que se quer ser, ou deseja, mas não se identifica no nome que se tem. Só quando as partes do todo se integram é que é possível compreender o encadeamento das ocorrências da vida. 

Não foi agora, neste momento que a clarividência chegou, foi chegando com o tempo e a experiência, mais uma vez naturalmente depois de tentar deixar interferir com o destino, como se fosse Deus. 

Aceitar o inevitável, é em si uma inevitabilidade, que acaba por acontecer querer queiramos quer não. Não é mais do que compreender que a natureza tem ciclos e que devemos respeita-los, porque são essenciais, e que nós fazemos parte dessa magia. Por isso devemos respeitar e saber ouvir o que nos diz o nosso corpo e a nossa alma. 

Assim, como todos os anos que começam em Janeiro, também eu, sem que o tivesse escolhido passei a morrer e a renascer em Janeiro. Ficou para trás o que era, o que foi e surgiu o que vai ser. Nunca mais será igual, ficou no passado para sempre. 

O que importa agora, é saber aproveitar o que segue, honrando e não esquecendo como se chegou aqui, mas crescendo com o futuro em vista e não com o peso do passado. 

Sempre que surge a hipótese de morrer em vida, estamos a transformarmo-nos, a aprender, a respeitar cada etapa e a termos garantias que temos pela frente um novo percurso para cumprir. 

2018 começa assim, espero que todos os anos que se seguirão também. 


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...