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Danos Colaterais

Os danos são sempre relativos e dependem da perceção que temos do todo.

Mas é uma realidade, ninguém sai ileso de ninguém, seja porque motivo for. Podemos sair só levemente amachucados ou complemente estropiados, a proporção do dano é sempre relativa ao grau do nosso envolvimento. O quanto se gosta ou o quanto se quer, o quanto se acredita, o quanto se deseja, o quanto se faz, o quanto tudo…

Cada um de nós fará as coisas à sua maneira, sentirá da sua forma e irá até onde achar que deve. Não podemos medir todas as relações sob a mesma bitola, nem devemos cair no erro de fazer comparações, podemos apenas analisar a nossa parte e perceber quais são os nossos padrões, mas não podemos comparar nem as pessoas com que nos relacionamos, nem a relação em si, nem os vínculos que temos. Cada caso é um caso e todas as relações são independentes umas das outras.

O que têm em comum? Nós, somos o único elo em comum entre cada história. Em cada momento somos nós, mas na versão daquela relação. Seguimos o curso em sintonia com o outro ou esperamos que assim seja, a reciprocidade, como a base para o desenvolvimento pleno de um relacionamento. Fazemos as coisas da nossa maneira , adaptadas ao contexto e a outro. O outro fará igual, assim se espera. Não se deve esperar, no entanto, que o faça da mesma forma ou na mesma medida, o que fizer será com o seu próprio cunho. Se eu quero dar este mundo e o outro, é da minha responsabilidade…dou e aceito que é o quero fazer sem que isso obrigue a outra parte a fazer o mesmo. Contudo, quando há amor dá-se voluntariamente porque se quer, e não se fica preso a medir proporções, entrega-se o coração e pronto. Ama-se.

E amar alguém não é fácil e deixar-se amar por outro ainda menos, ter apenas um destes constrangimentos é mau, juntar os dois é uma catástrofe. Juntar duas pessoas submergidas na mesma desgraça é uma descida ao abismo, quase como saltar de olhos fechados para o desconhecido.

E assim, ninguém sai mesmo ileso de ninguém, sai-se com feridas profundas. O mundo parece que se expande por universos paralelos que nunca se encontrarão e que nunca se irão emparelhar. Contrariar as probabilidades ou estatísticas, aquilo que as pessoas afirmam como exímias conhecedoras: não tem hipóteses nenhumas.

Na verdade, a probabilidade de se encontrarem também parecia ínfima, mas aconteceu, logo ai começam a falhar as estatísticas. O resto, cresce com o tempo, com a convivência e conquista-se, conquista-se, conquista-se, conquista-se…

O amor, desenvolve-se, merecemos que assim seja. Que se expanda connosco e com o outro. O amor precisa de tempo e substância. Não é apenas um corpo, é o que está por dentro e o que está por fora. O que se faz e o que se constrói.

É um caminho que se percorre, com o coração inteiro ou em pedaços.
É a única cura possível para todas as doenças do mundo, só não vê que assim é, quem não quer.



*E apesar de não gostar, tenho de concordar com um amigo que diz, que os corações partidos dão sempre os melhores textos ou histórias.

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