O antes, na antevisão do que sabemos inevitável, é sempre um momento de preparação que nunca nos prepara verdadeiramente.
Sabemos que as pessoas morrem, que os momentos não se repetem, que nunca mais vamos ter aquela idade ou voltar a viver aquele dia e por isso, no momento de reflexão sobre o presente, queremos absorver todas as sensações ao máximo e gozar a vida e a presença dos outros com entusiasmo. Na realidade não sabemos como é não tê-los, eles estão ali, palpáveis, fazem parte de nós e da nossa história. Só quando a ausência que as saudades bem marcam, se começa a sentir é que entendemos o exercício que fizemos no antes, e valorizamos o esforço que foi feito para gravar todas as sensações do instante.
Antes, conscientes da importância não sabíamos o seu significado. Podemos imaginar como magnífico é o mar por fotografia ou na televisão, só vamos entender a dimensão da sua beleza quando estivermos frente a frente com ele.
Somos humanos.
Precisamos viver para entender. Precisamos da experiência para valorizar.
Eu sei que vou ter saudades a vida toda dos meus avós, dos gatos, do cão, dos sítios e até de determinados cheiros, mas também sei que por isso mesmo dou valor a hoje. Por saber o que sei, sinto-me grata por ter conseguido ter tido esta clarividência a tempo de guardar memórias incríveis para mim.
Vou continuar a ter saudades da minha avó, como tenho todos os dias, mas sei que a aproveitei bem, como quem se lambuza na colher de bater o bolo de chocolate até ficar bem limpinha...
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