Avançar para o conteúdo principal

Semear para colher

Estamos no tempo de colher o que estivemos a semear ao longo do ano ou a colher as coisas que temos vindo a fazer na e com a nossa vida. No entanto, uma vez que estamos nesta época do ano, ficamos mais sensíveis para considerar este tipo de balanço.

Diria que pode e deve acontecer sempre que necessário e não porque termina um ano. Mas já que existe esta tradição, nada como lhe dar bom uso. Refletir sobre comportamentos, atitudes, vontades, desafios e por ai fora é sempre um exercício que vale a pena fazer. No fundo, todos os sabemos o que é certo e errado e se o que fazemos está dentro dessas critérios que temos pré-estabelecidos.

Se não fomentamos laços com nada nem com ninguém, não vamos seguramente esperar que de um momento para o outro existam. E mesmo quando existem, se não os reforçamos, se não lhes dedicamos tempos e amor não vamos colher nada daí.

Podemos até ser um terreno fértil e que facilmente cria empatia com os outros, cordialidade e simpatia aparente. Podemos gerar ligações ou lucros, que nos preenchem momentaneamente e que servem um estilo de vida. Tudo isso está certo, se é isso que queremos e que procuramos na vida.

A vida dá muitas voltas e muitos laços acabam por se perder, alguns nem damos conta e outros percebemos que se vão desvanecendo. Se não semeamos, se não regamos, se não cuidamos, se não estimamos, esperamos o quê concretamente? Que retorno será este? Se não fazemos a nossa parte, o que devemos esperar?

Se soubermos que é assim, consciente porque escolhemos ou porque entendemos que algumas coisas acontecem assim porque tem de ser, tanto melhor. É menos uma frustração que vamos sentir. Somos sempre responsáveis por aquilo que fazemos e não fazemos, os outros terão também a sua responsabilidade, nesta coordenação unilateral o que não se encontra no meio é tudo o que se perde. Só se perde verdadeiramente se ambas as partes o sentirem deste modo.

Se um dos lados simplesmente perder o elo, sem sentir falta então não se perdeu nada. Só se transformou em qualquer coisa que nunca mais voltará à forma inicial. Não tem nada de errado nisso, algumas coisas são como são. Só fica o que vale realmente a pena.

Só se colhe o que se semeia.




Photo by Jakob Puff on Unsplash

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...