Avançar para o conteúdo principal

A Guardiã

Bem ao seu estilo, sem subtilezas andou a minha saudosa avó Maria, Maria de Vale Côvo como era conhecida, a "enviar-me" lembretes sucessivos para não me esquecer dela. Como se isso fosse possível! 

Não me esqueci querida avó, que fez no passado dia 24 de Janeiro dois anos que partiste.

Todo o dia 24 estive pensar nela, era uma mulher divertida, alinhava nas nossas brincadeiras e como queria sempre saber do que tanto nos riamos. Nunca mais comi bolo de iogurte como aquele que nos deixava noite, após noite para comermos quando chegávamos a casa das noitadas. 

A mulher do oráculo eras tu, obviamente. Igual a ti mesma e sem subtilezas a intrometeres-te nos meus momentos zen.

Mais tarde no filme, que abriu o ecrã com um gigante 6 de Abril! Foi certeiro! Senti ao ver esta data, imensas saudades tuas, para que saibas. 

Tive saudades das brincadeiras ao telefone, a troca de galhardetes em que sempre alinhavas sem te ofenderes. De tantos e tantos lanches que fizemos e das memórias incríveis que me propocionaste por teres sido a avó certa para aquele período excepcional da minha vida. Nada daquilo que se viveu teria sido possível senão tivesses sido tu a nossa guardiã. Confias-te, mesmo quando te contávamos a verdade e prefiras achar que era brincadeira. Nunca duvidas-te do potencial das tuas meninas e como elas iriam chegar longe. Estavas certa. Chegar aqui só foi possível porque estiveste sempre ao nosso lado, atenta, companheira e muito orgulhosa.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...