Existem crianças neste país que crescem em instituições,
vivem toda uma vida sem uma “família”.
Esta questão da co-adopção para mim é uma falsa questão,
passo a explicar: a adoção deveria ser plena para casais heterossexuais, casais
do mesmo sexo e até pessoas singulares. É essa a minha opinião. Não existe opção possivel entre abandonar uma criança numa instituição toda a vida ou dar-lhe a possibilidade de viver com um casal homosexual ou apenas com um pai ou uma mãe. As mulheres estão em vantagem, que podem ser mães solteiras, sem dar cavaco a ninguém! (mas essa é outra questão).
Todas as crianças merecem ter uma família, acima de tudo
merecem amor. Não é linear que casais ditos normais sejam melhores pais que os
restantes, aliás, vemos todos os dias casos de violência doméstica que
demonstram o contrário. Eu entendo a importância de um pai e de uma mãe, dou
valor ao que tenho… sei que foram essências para a minha formação como pessoa,
mas também conheci pessoas que cresceram com os avós, só com a mãe ou com um
pai e são pessoas bem alinhadas com a vida. A base de partida é que tem de ser
boa, para que o desenvolvimento corra bem e mesmo assim, nada é garantido
porque cada um de nós escolhe o seu próprio percurso e tem a sua própria
personalidade, não existem formulas certas, mas existem ajudas que podem fazer
toda a diferença.
Volto a frisar, entre deixar uma criança ao abandono numa instituição ou deixá-la
viver com dois pais ou duas mães, não tenho dúvida qual seria a melhor opção.
Não imagino o que seja crescer numa instituição destas, mas
sei que muitas crianças conseguem sentir-se amadas pelo carinho das pessoas que
as acolhem e pelos companheiros do destino. Muitos deles conseguem vencer na vida
e procuram em adultos criar referências de família que não têm.
Em pequena chamava pela minha mãe e pelo meu pai para me
trazerem um copo de água ou quando me sentia doente…os monstros de baixo da
cama não me permitiam levantar nem acender a luz, podiam raptar-me… eu e a
minha irmã sabíamos que existiam seres estranhos de baixo da cama que nos
podiam puxar pelos pés. Não imagino o que seja para estas crianças não terem
quem as salve dos monstros de baixo da cama… fico triste por saber que os monstros
do parlamento estão-se a borrifar para o seu bem estar e felicidade, com o pressuposto
de “não queremos crianças adotadas por casais homossexuais com o risco que termos
futuros adultos disfuncionais”. Ironia das ironias, parecem-me que são eles que
estão a ser disfuncionais…
Podem dizer que não estou a ser racional e que não posso
expor as coisas desta forma (não tenho estudos, dados e blá blá, e não tenho!
Mas leio, vejo e sinto), quando envolve a vida de pessoas que não se podem
defender, não existe nada de racional que justifique mantê-las à parte na
impossibilidade de terem uma vida melhor.
Olá Sofia. Realmente isto da co-adopção é uma falsa questão. Num país civilizado e democrático, nem sequer deveria surgir nas nossas mentes a ideia de colocar entraves a isto. Deveria ser um direito de cidadania.
ResponderEliminarParece tão elementar como se deixa o preconceito prevalecer ao bem que se pode fazer a estas crianças.
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