Coisas que movem o mundo

"É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente." (Simone de Beauvoir)

E a arte tem várias formas.

A arte é a cultura, a música, a poesia, a literatura, o desporto… e não é apenas a economia que move o mundo. A riqueza de um país não se mede apenas pelos milhões de euros que gera, mas também por toda a bagagem histórica que carrega. Nisso não somos pobres, nada mesmo… muito pelo contrário, temos uma riqueza incalculável pouco valorizada no contexto atual mas sempre presente e acima de tudo permanente. Aquilo que já vivemos e conquistámos, ninguém nos tira.

O ballet, o som de um violino, um poema bem declamado… são coisas que me emocionam. A música mexe-me na alma nos mais variados estilos tanto pode ser Mozart como os Pearl Jam, é a profundidade que toca lá no fundinho do corpo, uma mistura perfeita entre a melodia e as palavras ou apenas os acordes certos.

Tenho a certeza que no dia que vir ao vivo o quadro “O Beijo” do Klimt vou chorar, assim como no dia em que entrar no Palácio Belvedere – o barroco mexe comigo e ali está o expoente máximo. A minha aula de história de arte ao vivo, esculpida nas colunas, nas estátuas e nas paredes. O meu imaginário leva-me a Viena, várias vezes…

Adoro arte, adoro pintura…adoro as pessoas com talentos que trespassam a pele. Adoro as personalidades difíceis que roçam a genialidade. Sabem o que são e impõem-se por isso, sem modéstia e com orgulho, por detrás de uma personalidade implacável escondem as maiores fragilidades que o talento materializa no papel, numa tela, numa fotografia, num livro…

Lembro-me como se fosse hoje o dia em que entrei no Alhambra, foi numa primavera com toque de verão, estava quente e os cheiros das flores e das árvores muito ativos. A água a escorrer pelas fontes do palácio, os azulejos, as cores, os sons… quase se poderia imaginar ali o Aladino. As paredes terracota, com o calor do sol, sublime. A memória é das melhores capacidades que temos, fica tudo registado no disco rígido, para mais tarde recordar. Ao relembrar estou lá de novo, com quinze anos e com a arte e a cultura e crescerem comigo.

No dia que visitei o Museu Thyssen quis absorver todos os impressionistas e expressionistas que vi… tantos Monets, Renoirs e Manets para ver e não esquecer. Tive pressa… queria ver tudo, mexer, sentir. Senti-me confusa com tanta informação, apetecia-me mandar as pessoas todas embora. No Museu Van Gogh ou no Louvre as multidões acabam com as sensações positivas que a arte passa, bloqueiam a informação, bloqueiam as sensações são obstáculos à contemplação. Em Figueras, sente-se a alma de Dali no Teatro. 


São prazeres, simples prazeres que definem estados de espíritos e as histórias de vida das pessoas. Os meus pais incutiram-me esta vontade/ necessidade de aprender mais, de ver, de conhecer, o que já tinha de forma natural eles ajudaram a crescer e a ganhar forma. É assim que se enriquece, aquilo que o dinheiro não compra a alma alimenta.


Comentários

  1. Olá Sofia,

    A chave é a contemplação. Negligenciamos tanto essa tarefa de contemplar as coisas que acabamos por perder a essência das coisas.

    Bom post, bom tema, ;)

    Beijinhos,
    Bruno

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  2. É verdade :) já quase não se ganha tempo a contemplar :)

    Obrigado.
    Beijinhos

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