Pensamentos avulso

Uma pessoa exuberante pode ser tímida e um tímido pode ser excêntrico ou até exuberante. Os artistas passam por este dilema como mais ninguém. A exposição pública, o subir a um palco, o expor-se a um público faz com que se julgue que são pessoas expansivas, nada tímidas e que gostam de andar com os holofotes em cima da cabeça, e nem sempre é assim.

Ser reservado não quer dizer que a pessoa seja apagada ou pouco interessante e a pessoa mais extrovertida ao cima da terra, não quer dizer que não seja reservada ou até que seja interessante. Os padrões de comportamento enfiamos dentro dos frasquinhos dos rótulos. Bem sei que são necessários por uma questão de organização social, mas tremendamente castradores no convívio social entre todos.

Depois soam as interjeições: “ah afinal és falador!”; “achava que eras fria”; “estás sempre em festas achei que eras um grande maluco”…e por ai fora.

Limitam-se os tímidos às cores opacas e sem graça, como se fossem transparentes e os extrovertidos ao fulgor dos vermelhos e laranjas, como se estivessem sempre numa fogueira positiva de emoções. É o que observo.

Por exemplo, convencionou-se que um consultor se deve apresentar com blazer, fato e determinada postura e depois olha-se para a pessoa e pensa-se: “está a cumprir o papel” só não veste a pele certa. Sem que isso comprometa o desempenho profissional, nem se caia no exagero que temos atualmente com os tops, chinelos, micro calções e roupa justa… há que saber estar em cada momento, sem perder a identidade. É um bom desafio…

Como se convencionou que cores como amarelo, rosa fúchsia, azulão ou verde alface são cores infantis e limitadas a algumas pessoas. Podemos usá-las sempre, sem cair no ridículo ou parecer que fugimos de um circo, só precisamos aprender como. É como o relacionamento com as pessoas… se as vamos rotular logo de A ou B, nem lhes estamos a dar oportunidade de mostrar o que para lá vai.

Não somos todos maravilhosos, nem perfeitos mas há sempre um tesouro que é só nosso e que o mundo vai gostar de saber. 

Julgo que é este o desafio. Vale o que vale… vindo de uma pessoa tímida, não apagada,  com alma exuberante que veste preto na mesma medida que usa rosa, verde alface ou amarelo, sem aparecer que fugiu de um livro de banda desenhada infantil (acho eu…).

Nota: o vestido é rosa fúshia e não vermelho!