Ontem, um amigo relembrou-me Zygmunt Bauman, sociólogo
Polaco que estuda o comportamento da sociedade actual nas mais diversas áreas.
Descobri o Bauman pelo livro “Amor Líquido”, só de ler o prefácio percebi que
empiricamente e sem alguma vez me ter debruçado cientificamente sobre o tema, que
este senhor escrevia o que pensava, sem ter a certeza. O “Amor Liquido” fala
sobre a fragilidade dos laços humanos, hoje.
“Bauman analisa assim o modo como a nossa era, que ele
designa por modernidade líquida, ameaça a capacidade de amar e os crescentes
níveis de insegurança, tanto nas relações amorosas como nas familiares, e até
no convívio social com estranhos.”
O isolamento do sexo face ao amor e do amor face ao sexo,
como momentos autónomos que não se cruzam ou que se podem viver isoladamente quase
sem que se cruzem é outras das questões aprofundadas pelo autor. A liberdade
sexual e o fim das sociedades patriarcais, a liberdade de pensamento, a
revolução sexual dos anos 60 e a emancipação das mulheres “revolucionaram” a abordagem
às questões do sexo e do amor, em conjunto ou em separado. Os laços soltos e pouco consistentes, o medo de se
comprometer. O drama das relacões actuais, em síntese.
“Aquilo que transforma o relacionamento frágil, a conexão,
como uma forma de se relacionar vigente na modernidade líquida é a facilidade
enorme em não haver responsabilidade mútua, em não haver pressão e prisão entre
os participantes. Ambos ainda podem, sem o menor remorso, trocar seus parceiros
por outros melhores. O grande barato do termo ‘conexão’ é evidenciar a
facilidade de se desconectar.” Onde o modo como “consumimos” se aplica na
perfeição, compramos por impulso, na emergência do ter na hora e no momento na
versão ter para ser. Só porque sim… ou seja, reduzimos a interacção social a
uma importância residual, como uma necessidade imediata que se esfuma no
momento em que a “necessidade” é satisfeita.
Para Bauman, quando a qualidade das relações diminui
vertiginosamente, a tendência é que se tente compensar a falta desta qualidade
com uma quantidade absurda de parceiros. Talvez um bom exemplo seja, também, a
quantidade de amigos que as pessoas costumam ter em redes sociais. São números
que ultrapassam 300, 500 amigos, algo que seria irreal para uma convivência quotidiana
de qualidade.
Esbarramo-nos com afirmações como: “ela diz que ele é o
homem da vida dela”. Nem duvido! É conveniente e bom que assim seja, pelo menos
enquanto durar! Não é vaticinar a desgraça, mas parece-me mais prudente pensar
assim, nada é para sempre. Todos sabemos disso. Por isso o eterno será sempre
dentro do tempo da sua duração, e pode ser uma vida, e a vida um dia acaba e lá
se vai o eterno. Durou até morrerem, mas acabou com a morte. Fim.
Mas pelos vistos pensar assim é também retirar ao amor
alguma transcendência e o impulso criativo que o caracteriza… enfim, sou um
produto do meu tempo e da minha geração. Luto por ser diferente, mas acabo por me
deixar contaminar pelas evidências e fazer com que o amor perca os encantos do
destino e o romantismo que tanto gosto.
Banda sonora: Trêsporcento - Elefantes Azuis ( https://www.youtube.com/watch?v=KuJLEflJUeE )
ResponderEliminarNão conhecia :))))) é mesmo não se saber em que estado estamos!
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