Um gesto simples, mesmo quando é simbólico, e tão cheio de significado!
A questão aqui, não é obviamente o gesto em si, mas a dificuldade que existe, actualmente em DAR. O dar sem esperar nada em troca, o fazer só por fazer, pelo bem que isso nos faz e pelo bem que fará a outra pessoa. Pequenos gestos, quase banais que aos poucos moldam e mudam o mundo. E não digo isto, porque é natal e nesta época toda a gente se lembra que deve dar e ajudar de alguma maneira, falo da verdadeira solidariedade dos restantes 360 dias do ano...
Nem é preciso pertencer a alguma associação ou fazer voluntariado, basta estarmos lá para os que nos são próximos. É aqui que começa o nosso verdadeiro papel solidário, dentro de casa com a nossa família, com os nossos vizinhos, amigos e colegas... É ali, num primeiro momento que temos de estender a mão, ceder ajuda, estar lá...
A nossa entrega tem de ser mais fácil e mais voluntariosa no nosso habitat natural, no nosso contexto, na nossa história pessoal no meio dos nossos.
Dar a mão, sem ter de dar alguma coisa que nos custe dinheiro, dar tempo, disponibilidade, um abraço, um carinho, fazer companhia, cuidar...
A vulnerabilidade está fora de moda! Os homens não choram e não demonstram afecto. As fragilidades ficam reservadas para as mulheres, crianças ou ás portas da morte. E o problema é que crescemos a ouvir isto, e acaba por se entranhar, quando damos conta somos incapazes de chorar, seja porque motivo for. E somos incapazes de pedir ajuda ou de pedir que nos dêem a mão.
Reconheço-me em tudo isto, as dificuldades são reais, ainda as sinto apesar de fazer um esforço imenso para contrariá-las. Eu dou sempre a mão, sempre, estou lá para o que der e vier, faço o que tiver de fazer, sou incansável e presente. O meu núcleo está sempre salvaguardado, comigo por perto, ninguém fica abandonado. Faço o que tiver de fazer, ajudo no que conseguir e estou em todas as posições, se for caso disso.
Quando preciso que me dêem a mão, não peço. Dê lá por onde der, eu resolvo, eu salvo, eu trato. Não sei pedir. Quando os papéis se invertem, enfrento a tempestade num barco à vela em mar alto, sozinha.
Não são coisas que se consigam mudar do dia para noite, contrariam-se e transformam-se todos os dias em pequenas vitórias.
Um dia, quero acreditar que vamos dar a mão só pelo conforto de sabermos aceitar e de sabermos pedir. E vamos fazê-lo com genuína entrega, de quem o faz com o coração, sem nenhum constrangimento associado.
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