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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2018

Ilusão Óptica

Acreditamos convictamente que à medida que vamos vivendo, a experiência nos trará segurança e maiores certezas, especialmente sobre as outras pessoas. Com o passar do tempo ficamos mais imunes a decepções. Vamos estar mais preparados para reconhecer a boa ou má índole do outro, as boas ou mais intenções e distinguir uma verdade de uma mentira. Por isso marchamos com confiança pela vida fora, mais aptos para nos defendermos e mais capazes para identificarmos os vampiros. A experiência dá-nos tudo isto, mas tira-nos a ingenuidade e boa fé de acreditar no outro só pelo facto de o amarmos. E assim, colocamos de parte as lendas e histórias, as fantasias fantásticas que ouvimos tantas vezes, e que assumimos como falsas, ignorando a metáfora da mensagem. Deixamo-nos ir pelo canto das sereias, pela envolvência, pelo contexto, por acreditarmos em milagres, por acharmos que merecemos e temos o melhor do outro. Cedemos acreditar no encantamento, afinal de contas não se pode passar a

Obrigado Março

Agora que Março está a acabar, acho que posso considerar que este foi o melhor Março dos últimos anos. Corrige-se assim a tendência que o tem acompanhado. Bem sei, não é o mês que mina esta altura do ano, são as circunstâncias. E que circunstâncias! E eu, estranhamente não sei quais as palavras certas para usar. Apenas Muito Obrigado por todo o carinho, tem sido incrível! 💓 #devevemosvoltarondejafomosfelizes #gratitude

Tempos verbais

Falamos dos mortos como se estivessem vivos e dos vivos como se estivessem mortos. O queria, quero, quis sem saber na realidade em que tempo e espaço os devemos utilizar. Querias, já não queres? O quis que afinal é quero. O falar no passado quando se quer só o presente e um futuro garantido. Não saber qual o tempo certo, por estarmos algures na terra de ninguém, num vazio temporal sem ordem ou cronologia. É falar do passado como se fosse presente, como se estivéssemos a viver o que foi e não o que é. O passado não se constrói, está feito é um momento terminado, sem hipótese de correção ou emenda. Mas insistimos em transportar-nos para lá, como se essa viagem imaginária pudesse alterar alguma coisa. Os que morrem, não desaparecem continuam no presente como se estivesse ao nosso alcance falar com eles. E são, estão, vivem como se o tempo não tivesse terminado no dia em que fecharam os olhos para sempre, mais vivos que outros vivos. Os vivos que existem e respiram o me

Amor de infância

Algumas coisas cristalizam no tempo, os amores de infância são um exemplo disso. Nunca mais se volta a sentir o que se sentiu com o primeiro amor, e não é pelo facto de sermos crianças, mas é também por isso. Quando somos pequenos, não temos bagagem nem referências que nos minem o espirito em relação ao outro. A pureza do que se sente, é inimitável. Amamos por amar, só por isso, sem constrangimentos e nem sequer conseguimos esconder. E é profundo de tão puro que é, o amor no seu estado natural. O descobrir o que é o amor, o amor que se sente pelo outro só pela sensação que nos faz sentir. Tão limpo, tão límpido e tão saudável. Nada neste amor nos farará mal, é a primeira mostra de uma felicidade que ainda não conhecemos. Acho que voltamos sempre a esta sensação quando precisamos perceber se amamos a sério a outra pessoa. Recuperamos a sensação genuína de um amor limpo de tudo o que o contamina quando crescemos, por instantes, somos aquela pessoa pequenina de coração lim

Reciprocidade

Reciprocidade é isto: saber que tu estás aqui para mim, como eu estou aqui para ti. É confiar, acima de tudo. É deixar que me inundes quando me encho em indefinições e hesitações. Dás-me conforto, sabes ouvir. Somos como dois países em cooperação, fornecemos auxilio. Somos trocas, incentivos e recetividade. A reciprocidade incorpora-nos como a pele, não sabemos ser de outra forma. Amamos muito. Aquilo que nos define, na reciprocidade do amor, é muito mais profundo que a simplicidade das palavras, somos somas e não complementos. Sei que se fechar os olhos e me deixar ir, tu vais estar lá para me receber, para me tratar, orientar e cuidar. Tu sabes que terás o mesmo de mim. Sem cobranças ou exigências, apenas com entrega. Mesmo que o mundo nos separe, a história, a vida ou o destino, manteremos este elo que nos predestina a uma união vitalicia.Tenho tanta sorte! Temos tanta sorte! Num mundo separado por guerras e oceanos, reconforta-me saber que posso voltar para ti,

Alberto Giacometti

Quando existe sintonia e as coisas se encaminham para o sitio certo, acontecem coisas inesperadas. E assim, do nada ontem estava a pensar no impacto que teve em mim encontrar as “revistas da vida mundial” que o meu pai guardou, datadas dos anos 60. Folhear páginas que contam a história de pessoas importantes daquele tempo, no presente. Naqueles instantes em que se leem as reportagens, parece que estamos todos vivos e a respirar o mesmo ar, a partilhar o mesmo momento. Na realidade não estamos e grande parte dos personagens que ali vivem, nem sequer estavam vivos quando nasci. E o Giacometti aparece numa foto no atelier, onde se veem as lindas esculturas esguias que fazia, marca inconfundível do seu trabalho. Parecia muito mais velho que era e pelo apelido achei que era italiano, até ter descoberto que era suiço. O que me marcou no trabalho dele, é olhar para as esculturas e ver-lhes vida, parece que se sente por toda a estrutura as impressões digitais do Giacometti, como se l

Merecimento

Sobre o merecimento, o que merecemos na verdade é o que queremos? Nem sempre. Podemos merecer coisas que nem sabemos e podemos insistir estupidamente em qualquer coisa que não faz qualquer sentido. Só pela teimosia, falem em teimosia comigo, sim dose XXL é a quantidade que consigo suportar. Posso ou podemos (falar no plural é mais simpático que personalizar) embicar que queremos, porque sim, porque merecemos, porque é mesmo o que queremos é o que nos faz falta, e não passar apenas de uma ilusão. Um desejo que condicionamos pela vontade de querer muito, do género cegueira temporária. Uma coisa é certa, não quero nada que não mereça. Mas como saber ao certo o que se merece? Sei lá. Aqui o merecer é do bom e do mau, não se merece apenas o bom, o mau também cabe nesta equação. Como tão sabiamente se diz: O que não nos mata torna-nos mais fortes, é lindo! Mas isto é muito pouco balsâmico, para mim. Posso ser petulante e dizer que não preciso, passo, obrigado. Na verdade é ist

A 2 de outro 2

O número 2 é especial, sim sou tendenciosa, paciência! O 2 é o meu número, estamos a 2 meses do meu 2, só por isso vale a pena assinalar a data. Também já disse várias vezes, detesto o mês de março. Comecei a odiá-lo precisamente no dia 2, o que não deixa de ser curioso. Na altura, o impacto de uma perda maior e dolorosa fez com que março representasse o fim da fé em Deus, e portanto, toda a benevolência que pudesse ter com esta temática deixou de existir. Arrumei tudo num caixote do lixo: março, Deus, fé…tudo. Mas março, tem sido persistente na tentativa de reverter este nosso desentendimento e está a deixar que janeiro tome conta do pódio.  Também já reciclei tudo o que tinha mandado para o lixo, exceto março, lá está. É o ultimo ponto da lista, a aguardar a reconversão do mau em bom. E que trabalheira que isto me está a dar, quando acho que estou a conseguir, acontece alguma coisa que me relembra porque nos incompatibilizamos na primeira volta! Gosto que a hora mude e