Algumas coisas cristalizam no tempo, os amores de infância
são um exemplo disso.
Nunca mais se volta a sentir o que se sentiu com o primeiro
amor, e não é pelo facto de sermos crianças, mas é também por isso. Quando somos pequenos, não temos bagagem nem referências que
nos minem o espirito em relação ao outro. A pureza do que se sente, é inimitável. Amamos por amar, só
por isso, sem constrangimentos e nem sequer conseguimos esconder.
E é profundo de tão puro que é, o amor no seu estado
natural. O descobrir o que é o amor, o amor que se sente pelo outro só pela
sensação que nos faz sentir. Tão limpo, tão límpido e tão saudável. Nada neste
amor nos farará mal, é a primeira mostra de uma felicidade que ainda não conhecemos.
Acho que voltamos sempre a esta sensação quando precisamos
perceber se amamos a sério a outra pessoa. Recuperamos a sensação genuína de um
amor limpo de tudo o que o contamina quando crescemos, por instantes, somos
aquela pessoa pequenina de coração limpo que recebe o amor como ele é, inteiro e pela primeira vez.
Vamos sempre sentir carinho por aquela pessoa, aquele/a que
nos fez conhecer o amor pela primeira vez, fica guardado num lugar especial do
nosso coração. Mesmo que não tenha sido reciproco, é só nossa a descoberta de
uma sensação maior que tudo. O ponto zero do amor, que a partir dai começa a
contar e a transformar-se com o crescimento do nosso corpo.
O amor nunca mais volta à forma inicial, nem nunca mais se repetirá da mesma maneira. Depois de o encontrarmos ou de esbarrarmos com ele, nunca mais nada será igual, isso é certo.
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