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Frio quente

Eis que estamos quase a chegar ao momento de entrada do inverno.
Finalmente os dias deixam de encolher, ainda que de forma ténue, o regresso da claridade dá-me alento! “Já não falta tudo…”

O inverno é denso, intenso e prolongado embora tenha o mesmo tempo que todas as outras estações. É o que agrega que o torna tão difícil, tudo morre no inverno para renascer na primavera, mas mesmo que simbólica esta “morte” é um profundo período de reflexão. Somos obrigados a parar para pensar, para nos agasalhar, para nos proteger, para refletir. A falta de luz obriga-nos a isso, a reclusão forçada é necessária para nos conseguirmos preparar para o que ai vem.

A natureza sabe o que faz, nunca nada é em vão.

Cada estação define os seus próprios desafios, e nós como parte integrante deste ecossistema natural, não ficamos de fora. O corpo vai-se adaptando a cada momento, na perfeição que só o relógio biológico interno sabe fazer. Não controlamos nada, fomos feitos como uma máquina perfeitamente integrada que é nossa para respeitar e cuidar. Achamos que controlamos tudo, até os fatores externos, é tudo uma ilusão.

Nada é mais profundo que a estação mais fria e escura do ano. O inverno, com os seus encantos a queimar dentro da lareira ou no quentinho da nossa casa a ver chover pela janela. Pede-nos que abrandemos para apreciar um ritmo de vida mais lento e observar como a natureza morre e se regenera a cada ciclo.

Se repararem, o inverno tem um cheiro muito característico. Muito mais do que o da terra molhada, o inverno cheira a comida quente.


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