Nascer para cuidar, pode muito
bem ser a mais nobre das missões de vida que se pode ter. Talvez todos a
tenhamos pela condição da humanidade, ainda que alguns a rejeitem pelo egoísmo
ou pelo infundado argumento de falta de jeito.
Cuidar é um acto de generosidade da parte de quem cuida e de quem é cuidado.
Quando cuidamos dos outros
aprendemos a cuidar de nós ou quando cuidamos de nós aprendemos a cuidar dos
outros, estão intrinsecamente ligados, quer me parecer. O bem maior que nos
dão, a nossa vida, cabe-nos o dever de cuidar dela em qualquer etapa, é o nosso
bem mais precioso. Não é um dado adquirido, mesmo que alguns julguem que é,
existe todo um percurso que a nossa vida cumpre e que nos cabe valorizar,
independentemente das alegrias ou tristezas.
Durante a vida cuidam de nós ao
nascer, a nossa mãe, o nosso pai, as avós, os avôs, os irmãos, os primos, as
tias, os amigos ou até os vizinhos. Somos cuidados desde sempre, é para isso
que existe a família, para solidificar os laços do amor e cuidado que devemos
ter entre os nossos.
Quando cuidamos não só o fazemos
porque o nosso instinto protetor assim o determina, como sabemos que ao cuidar
estamos a zelar pelo nosso amor àquela pessoa e que o amor, junto com qualquer
outro medicamento cura tanto ao mais qualquer enfermidade.
O que falta atualmente é esta
entrega no cuidado do outro. Os dias, o tempo corre tão rápido somos e estamos
tão cheios de nós próprios e de tudo o que temos de conseguir alcançar nesta
vida que nem sempre percebemos que mais importante que o reconhecimento dos
prémios ou méritos, é a partilha do amor com quem se quer bem, essa sim, a maior das dádivas.
Não é preciso que alguém adoeça
para que isso aconteça. O desejável será estarmos lá, na alegria e na tristeza,
com a mesma dedicação. Prontos para aplaudir de pé, um feito notável ou para aconchegar
a roupa no meio da febre. Para brincarmos e rirmos ou simplesmente para
esfregarmos uma pomada na mão quando a memória se estiver a extinguir.
É louvável ver as pessoas que se
entregam a causas e se voluntariam para ajudar crianças ou populações necessitadas,
é um trabalho de mérito. Ou pessoas que resgatam animais, para que estes tenham
um futuro melhor. Cuidam dos outros, sejam eles quem forem, será que cuidam dos
seus com a mesma dedicação? Será que é preciso ir assim tão longe para se
sentir útil?
Quem cuida e quer cuidar, cuida
em qualquer lugar pelo menos é essa a minha convicção. O cuidado começa sempre
dentro da família, vai de dentro para fora, do núcleo para o todo. Às vezes fico
com a sensação que se valoriza muito pouco tudo isto porque se dá como
adquirido.
Cuidar é um acto de generosidade da parte de quem cuida e de quem é cuidado.
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