Temos uma cultura social muito mal trabalhada, ou melhor,
temos uma cultura social muito pouco desenvolvida.
Fazendo um paralelismo com as comunidades nos Estados
Unidos, percebe-se claramente que as pessoas se organizam em comunidades para
defender os seus direitos e fomentar a união entre as pessoas. Basicamente, as
pessoas do bairro tomam conta do bairro. O Estado obviamente tem de servir as
populações e dotá-las das infraestruturas necessárias para terem qualidade de
vida, no entanto, o que estas comunidades fazem depois é garantir que tudo é
preservado, responsabilizar e envolver as pessoas para as causas da comunidade.
Não só apenas nas questões de gestão dos espaços públicos, mas também na
intervenção social ativa no cuidado dos mais necessitados, na educação cívica e
social e no acompanhamento das crianças e idosos. Promovem também sessões de
esclarecimento com os políticos locais, cada estado tem senadores que
regularmente se juntam às suas comunidades para responder a questões e onde os
cidadãos aproveitam para levantar questões pertinentes sem resolução ou que
considerem injustas.
A comunidade tem noção da importância do voto: único,
individual e intransmissível e vital para manter a democracia ativa e de boa saúde.
Em Portugal as pessoas juntam-se para reclamar sobre os políticos,
a corrupção* e tudo o que o Estado não faz por eles. Mesmo quando faz e existe
obra à vista e em expansão, nunca chega, é sempre pouco e não se valoriza, pior
exige-se não só que o Estado faça como o Estado mantenha… e os cidadãos usam e
abusam das infraestruturas do Estado como bem lhes provem sem que sejam
responsabilizados, porque afinal de contas, pagam impostos suficientes para que
o Estado seja patrão e empregado ao mesmo tempo, de todos cidadãos. O cidadãos
são só os utilizadores, não se responsabilizam pelas boas práticas de
utilização ou manutenção…estão-se a borrifar porque se partir o Estado paga
(com os nossos impostos), a Junta de Freguesia corrige, a Câmara manda fazer ou
a polícia aparece para recolher ou manter a ordem.
O cidadão em Portugal é um individuo em coma induzido, só
que em vez de estar nessa condição de passagem, vive nela! Sendo esta uma
condição provisória, espero sinceramente que não se leve muito tempo para
acordar, não leve séculos, preferencialmente! Mesmo que apresentem sequelas, dependerá
do tipo da doença, da gravidade e das condições de saúde da pessoa,
influenciadas por questões como idade, condições de nutrição, uso de
medicamentos e gravidade da doença, dizem os entendidos… por isso, resta-me ter
esperança nas gerações futuras e que estas não sigam os exemplos atuais e se
envolvam na construção de um país melhor dando o exemplo.
*Por corrupção entende-se em Portugal: “pena tenho eu de não
estar no teu lugar para fazer o mesmo” – ou seja: ROUBAR. Outros aspeto
cultural que precisa de correção imediata. Ou seja: "se todos fazem mal, porque
hei-de fazer bem". São questões que me deixam perplexa…
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