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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2015

Requintes de malvadez

Conquistamo-nos palmo a palmo. Como se a pele fosse o infinito. Milímetros quadros de aroma e temperatura. São as fusões que me encantam. A combustão da minha alma. O corpo que consome e quer consumir O desejar-te todas as vezes como na primeira vez. O não saber esperar. O querer mais. Os limites sem limites. É o querer na luxúria. Sem vergonha e sem pudor. São as interjeições sem limites É o muito que é tudo. O pecar com vontade. O pecar com maldade.

Desapego

Por mais voltas que o mundo dê, há coisas com as quais nunca me habituarei. Talvez seja um dos desafios da minha vida, os testes do desapego. Aliás, aceitar e perceber, deixar ir sem grandes questões a pairar. Puff…só isso. Faz-me confusão que as pessoas entrem na minha vida e depois saiam sem pré-aviso. Eu ainda não tinha terminado… penso eu. Ainda fico mais triste quando reconheço potencial na pessoa, como amigo, ser humano, carácter e afins…mas posso ter falhado no meu julgamento. Ou simplesmente, a vida ou momento não proporciona isso. E como se costuma dizer, os caminhos seguem diferentes, mas o mundo é redondo e eventualmente acabamos por esbarrar uns com os outros, novamente, se assim tiver de ser. Não é estar mortinho, como diz o meu sobrinho sobre o Infante D. Henrique (que jaz mortinho no Mosteiro da Batalha), é estar vivinho da silva e simplesmente nunca mais dizer nada. Como se a pessoa nunca tivesse existido, como se nunca tivesse passado pela nossa vida,

Responsabilização

Como diz o Principezinho: “tu és eternamente responsável pelo que atrais.” E é bem verdade, sem nada de dramático. Existem padrões de comportamentos que atraem determinados factos e determinadas pessoas para a nossa vida. Pessoas com um determinado tipo de comportamento ou que agem connosco num tipo de comportamento que reconhecemos de outras interações e situações recorrentes que se vão repetindo, essencialmente porque não as resolvemos no momento certo. E assim vão surgindo para que as atitudes ou as nossas respostas a elas se alterem. Se fizermos sempre o mesmo, não vamos estar certamente à espera que as coisas mudem. Parece-me óbvio… Algumas situações são particularmente difíceis e só nos queremos ver livres delas e essa nossa fuga, que nos liberta no momento, responsabiliza-nos. Porquê? Porque na prática não apresentámos nenhuma solução para ela, não resolvemos nada, simplesmente adiamos o inevitável para uma outra vez. Nem sempre nos envolve só nós, o facto de não solu

Substância

São os teus contornos que relembro.  A silhueta, o perfil a espessura da pele.  Pareces altivo, linear e coerente. Escondes a timidez com segurança. É forma como arrumas os teus braços que te denunciam. Tens um timbre certo, pausado e assertivo. Seguro. Nunca ficas fora de pé, mas sempre à procura do próximo mergulho. É a profundidade que te atrai. O desconhecido. Imperturbável. Os homens fingem muito melhor que as mulheres. Desligam-se com a facilidade com que se ligam. Não usam meios caminhos entre o sim e o não. Demoram a constatar o óbvio e entendem muito pouco as subtilezas. Não entendem os meios caminhos ou as meias palavras. São tolos. Não entendem como é difícil explicar tudo. O tudo é uma montanha de coisa difíceis de materializar. As palavras nem sempre transmitem substância. E substância é tudo o que não te falta. 

País sem vergonha

Num dia destes no caminho para o trabalho, cruzei-me com a manifestação em defesa do conservatório rumo ao ministério da educação. Senti um mix de vergonha e raiva. Este é o estado do pais que não tem um ministério da cultura, que pouco ou nada se interessa pela arte ou pelos movimentos artísticos, pelos músicos, acrobatas, bailarinos, escritores, criadores e todas as pessoas que optam de forma corajosa por escolher este modo de vida. É preciso coragem para ser artista em Portugal, coragem que eu não tive quando tive de optar. Aos 15 anos escolhi a vertente de artes no ensino secundário, acreditava que o meu caminho seria por ai. Sempre gostei de desenhar, pintar, fazer trabalhos manuais, construir, ler, escrever, música, história de arte sempre me complementaram como pessoa. E lá fiz eu o meu caminho, certa sempre que não seria nenhum Picasso mas mesmo assim, o design de moda seria a minha meta. Neste período fiz milhares de desenhos e até cheguei a fazer roupa e pintar tec

Lullaby

Se não fora a noite, o azul que me ilumina quando falas e deixo que me mintas, não acontecia. O torvelinho que me aproxima de ti é da cor dessa intensidade que pões em gestos descuidados, soltos, impediosos, marcados pela voracidade da minha resistência e da pela deambulação do teu olhar. Só à noite a impulsividade de um e a inquietude de outro se conseguem cruzar, nada é tão menos claro como dois estranhos que se leem bem sem sairem das sombras. Um esconde-se, o outro finge. Um exibe força, o outro dissimula ausência. Um cerra fileiras, o outro magoa. Ninguém quer ficar à medida que o sol eclode. A noite tarda a dar lugar a horas menos consumiveis. Não me consegues arrumar nos passos que dás, a musica já não é a mesma, a tensão aumenta com a distância e o frio tem uma dimensão mais profunda que tatuagem.  Só à noite me consegues tocar, toda a noite, aproximar-te pel'a noite, como se só toda a noite fosse o que tivessemos como trunfo, arma, penitência e derradeira forma de nos

A Culpa do muito

Hoje acordei a chorar. Não sei ao certo se foi a desilusão, a tristeza ou o desamor que tomou conta de mim. Acho que foi a raiva que me crispou os olhos. Senti raiva de mim própria, odiei-me por ser fraca, por não saber fazer nada por metade, por querer muito e não saber dar pouco… Quis esquecer tudo o que não pedi e todo o resto. Não quero carregar comigo a bagagem que não me acompanha. A culpa é sempre nossa em todas as instâncias. A culpa do muito, do tudo, do sentimentalismo exacerbado e de apenas querer ver o bom e nunca o que está por trás. A raiva que doí no peito. O gostar tanto doí no coração. O não saber o que fazer ao desejo acumulado e a tudo o que cresceu entretanto. Não saber fazer nada por metade. Não saber fazer nada por metade.   A ideia de não voltar a ver-te esmaga-me.  #omeuserendipity

Possibilidades

Interessa-te muito pouco o que eu sinto ou o mundo inteiro. Não vês além do teu próprio umbigo. Não é a terra que gira à volta do sol é o mundo inteiro que gira à tua volta. És senhor das tempestades e o Adamastor do meu mar. Não lidas bem com o que não compreendes, nem te esforças para isso. O tempo é tudo o que não tens e tudo o que reivindicas teu. Pouco ou nada sobra. Pouco ou nada sobra… Existe um outro mundo, aqui mesmo dentro de mim para ti As infinitas possibilidades que um amor trás para quem o aceita,   são para quem muito quer e nada sobra. E eu quero muito de tudo para ti. Quero-te ti.

Voluntarismo é demodê

Voluntarismo: "s.m. Caráter de voluntário. Filosofia. Teoria segundo a qual a vontade é a própria essência do universo. (Antôn.: intelectualismo.) Atitude de quem pensa modificar o curso dos acontecimentos apenas por seu alvedrio (vontade/arbítrio). Comportamento diretivo, autoritário. Excesso de voluntarismo é prejudicial. É uma afirmação, com conhecimento de causa e pode ser um defeito complicado de gerir. Provavelmente pensando bem, a maioria das pessoas considera-o uma qualidade: o estar disponível para ajudar os outros, dar o corpo ao manifesto, disponibilizar-se, oferecer-se para ajudar a resolver problemas/ questões de outras pessoas, procurar fazer o outro feliz só porque sim, tentar quebrar rotinas e outros hábitos, fazer brincadeiras ou simplesmente disponibilizar-se para… sim, aparentemente é porreiro. Só devemos ser assim se o outro o pedir ou se sentirmos que o outro quer, conscientes que podemos ter a “cabeça” a prémio se mal interpretados. Caso

Novidades!

Sofisticámo-nos ou tentámos. Depois de mais de um ano com o mesmo look, achei que devia mudar o aspecto do blog. Torná-lo mais “crescido”. Assim, com nova roupagem surgem outras novidades. O blog tem também uma outra versão que não se pode chamar lado B, porque em alguns casos são os mesmos texto, mas tem sido uma plataforma de testes para pequenos textos/contos no instagram (@cortezsac) com #omeuserendipity. Com estas pequenas histórias outras imagens ilustrativas, que em muitos casos dão o mote ao texto correspondente, neste caso as imagens definem o contexto da história. Espero que gostem.

Confidencias

  A noite é propicia para confidencias, sempre foi e sempre será. Numa dessas noites, já longas e meio da semana acabamos três amigos num bar em Lisboa… já tínhamos esticado a corda e como estávamos a passar ao lado do bar, não fizemos mais nada, parámos o carro e entrámos. Iriamos trabalhar com cara de insónia na mesma, por isso mais valia aproveitar. Quando o despertador tocasse logo se veria… Nessa noite, as conversas invariavelmente levaram-nos para a forma como agimos nos relacionamentos: o que queremos, o que fazemos… no fundo como nos comportamos. E assim, entre um copo e outro lá fomos partilhando as nossas inquietações e é sempre interessante perceber o que se passa na cabeça dos homens. Neste contexto em minoria mas sem tabus na partilha. Ouvi atentamente, como sempre faço quando o tema me interessa e a pessoa é interessante e lá me predispus a compartilhar a minha visão das coisas e a forma como me comporto. Nunca o tinha feito assim, muito menos com um homem. A

Falsa paciente

No equilíbrio dos dias, oscilo entre o: apeteces-me muito e o nada. É doloroso acumular dias na espera que algo aconteça quando não sou eu que o impossibilito, são as circunstâncias. É quase sempre assim.  Diz-se que saber aceitar as coisas como são revela maturidade… então serei imatura toda a vida! Sou assim com tudo até quando surge uma ideia… não descanso até materializá-la. Acordo a meio da noite para apontar ou até para construir a ideia que tive, é mais forte que eu. Sou uma paciente inquieta ou uma falsa paciente. Não posso dormir até que as coisas aconteçam ou até que as faça acontecer. Vivo numa aparente tranquilidade que é apenas e só isso: aparente. Por dentro ferve sangue. Há dias em que me deixo ir… só porque sim. Alguns dias também precisam de ritmo lento, como as esperas. Hoje é um desses dias…