Numa dessas noites, já longas e meio da semana acabamos três
amigos num bar em Lisboa… já tínhamos esticado a corda e como estávamos a
passar ao lado do bar, não fizemos mais nada, parámos o carro e entrámos.
Iriamos trabalhar com cara de insónia na mesma, por isso mais valia aproveitar.
Quando o despertador tocasse logo se veria…
Nessa noite, as conversas invariavelmente levaram-nos para a
forma como agimos nos relacionamentos: o que queremos, o que fazemos…
no fundo como nos comportamos. E assim, entre um copo e outro lá fomos
partilhando as nossas inquietações e é sempre interessante perceber o que se
passa na cabeça dos homens. Neste contexto em minoria mas sem tabus na
partilha.
Ouvi atentamente, como sempre faço quando o tema me
interessa e a pessoa é interessante e lá me predispus a compartilhar a minha
visão das coisas e a forma como me comporto. Nunca o tinha feito assim, muito
menos com um homem. Assumo sempre que não vão entender metade e que passar
informação semi confidencial ao lado masculino, é contraproducente. Não foi de
todo o caso…
Falámos abertamente sobre a forma como cada um de nós encara
os relacionamentos e as conquistas, é fácil entre amigos quando não se tem
qualquer vinculo que não seja de amizade, não se misturam os parâmetros.
O mais engraçado é que quando parámos para reflectir sobre o
que cada um de nós tinha dito, o meu amigo diz-me: Bolas, tu pareces um gajo!
E eu que tinha acabado de pensar o inverso!
Ali naquele momento, percebi que seria bem possível que não
estivesse a fazer as coisas da forma correta, mesmo que inconsciente. Pela
primeira vez fiquei a pensar no assunto. Se um homem: são, bem resolvido,
inteligente, interessante me diz que me comporto como um homem, as campainhas
soam dentro da cabeça.
Porra… não posso ser igual ao alvo! Isto confunde…
Por outro lado, ser mulher também não me insere no padrão
feminino por osmose… nem tudo nem nada! Não posso ser nem excessivamente
pragmática nem excessivamente complexa, ainda que seja muito de cada um. Achei
eu que os aplicava bem de acordo com as circunstâncias, e que apesar de tudo
deixava o “complexa” apenas para os meus botões.
Na euforia do momento, achei piada ao comentário e posterior
reflexão mas não levei a sério. Queria lá saber se me comportava como um homem,
quem está mal que se mude! Claro que não é tanto assim e que fiquei a matutar
no tema, sou uma pessoa que precisa refletir com profundidade e tempo nas questões,
e convenhamos que mudar elementos estruturantes não se faz do dia para noite.
Na noite podem surgir verdades bem profundas em locais inesperados e da forma mais inusitada… são pequenos pormenores que podem mudar
uma pessoa, garantidamente. A mim ajudaram-me a melhorar… vá… presunção minha,
mas julgo que sim. Não se devem igualmente subestimar as circunstância, a “verdade”
pode estar ao virar da esquina.
Olá Sofia,
ResponderEliminarGostei deste teu post, mostra a força do diálogo, o expressar das ideias, deixa que alguém as rebata, reforce ou lhes dê um enfoque que não esperavamos isso faz-nos fazer correções interiores mesmo que não as expressemos, dialogar sobre temas primordiais, de uma forma aberta, razoável e com a panela de agua fria ao lado caso os animos se exaltem é tipo a auto-estrada da introspeção. :D
Beijinhos,
Bruno
É mesmo. E o melhor é que acontecem de forma natural sem nos imporem nada, apenas para a instrospeção que falas :) beijinhos
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