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Desapego

Por mais voltas que o mundo dê, há coisas com as quais nunca me habituarei.

Talvez seja um dos desafios da minha vida, os testes do desapego. Aliás, aceitar e perceber, deixar ir sem grandes questões a pairar. Puff…só isso.

Faz-me confusão que as pessoas entrem na minha vida e depois saiam sem pré-aviso. Eu ainda não tinha terminado… penso eu. Ainda fico mais triste quando reconheço potencial na pessoa, como amigo, ser humano, carácter e afins…mas posso ter falhado no meu julgamento. Ou simplesmente, a vida ou momento não proporciona isso.

E como se costuma dizer, os caminhos seguem diferentes, mas o mundo é redondo e eventualmente acabamos por esbarrar uns com os outros, novamente, se assim tiver de ser.

Não é estar mortinho, como diz o meu sobrinho sobre o Infante D. Henrique (que jaz mortinho no Mosteiro da Batalha), é estar vivinho da silva e simplesmente nunca mais dizer nada. Como se a pessoa nunca tivesse existido, como se nunca tivesse passado pela nossa vida, assim esfuma-se no ar como a condensação! Os fenómenos físico químicos até se entendem, já estas atitudes têm muito pouco de cientifico. 

São um problema estrutural da nossa natureza, julgo eu. Provavelmente terei de estudar com maior profundidade o assunto, aliás o Prof. António Damásio deve nalgum livro falar sobre isto na tomada de decisão e conduta. Ou alguém de psicologia que me elucide sobre tópico, tenho dúvidas e poucas certezas sobre o tema.

Somos livres sempre para decidir o nosso percurso obviamente, eu não obrigo ninguém a nada, como não me obrigo a nada (para mim, vale em tudo!), ainda assim fico confusa e triste. Não consigo entender. Pode ser um problema de raciocínio ou de afeto meu, reconheço que possa ser… sem cura à vista.

Oscilo entre o incrédula e o perplexa: “tanto para partilhar, ainda tanto para dizer e um fim forçado desnecessariamente”, julgo eu.


Comentários

  1. Olá Sofia,

    A forma como eu vejo este comportamento humano, é a mesma da expressão de que as coisas têm muito mais profundidade do que aquela que percebemos por nós mesmos.
    É o mesmo que olhares para um pedaço de tinta no quadro de um mestre, verás um ponto de uma cor especifica, se te aproximares vês laivos, nuances da mesma cor, se te aproximares mais vais ver que o ponto em análise tem mais uma dimensão, tem profundidade, tem textura, e assim por diante quanto mais te aproximas mais descobres.
    Nas relações humanas é a mesma coisa, quanto mais informação tiveres sobre alguém, mais entenderás dos seus comportamentos, e nunca chegarás a um conhecimento pleno, porque o ser humano aprende e muda, não é como o ponto de tinta no quadro que fica ali imutável e que podes estudar camada a camada.

    Enfim sei lá, é sempre melhor keep it simple, as coisas são simples e o mundo rola e tudo se encaminha. Encaminha para onde? Ai está para lado nenhum em especifico. Mas o importante é embarcar e abraçar a viagem que nos diga mais (ou menos). É como dizes uma questão de escolhas.

    Beijinhos,
    Bruno

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  2. Tu escreves bonito!!! :)
    Eu sei que é assim, Keep it simples... é como lutar contra a minha natureza que não tem nada de simples ou simplificado...deve ser um problema de pensar muito. É como escrevo, reconheço que é uma incapacidade minha. Terei toda a vida para afinar arestas...reconhecer o problema é sempre o primeiro passo.
    Beijinhos

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  3. Banda sonora para o post:
    https://www.youtube.com/watch?v=bvjjc18nB14

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