Aquele momento em que te ligam de madrugada e percebes que
ias ter com aquela pessoa nem que estivesse na Mongólia. Mas não vais, ficas ali. Imóvel. Campainhas, soam campainhas.
O sono atrasa-se para o dia a seguir.
Na realidade nem pensas em nada. Ficas só, de olhos abertos
a pensar se tiveste coragem porque disseste que não ou porque não disseste que
sim.
Querias ir. E irias. Mas não tens autorização para isso. Há
que respeitar as regras. As coisas são como são. E tu aceitaste, assumiste como
provisório. E era. O teu caminho era outro. Ficou o aviso que irias partir,
quando esse momento chegasse. Sem olhar para trás.
E foram chegando várias ameaças que estaria para breve.
Não aconteceram. Não estava destinado. Não resultou, não
quiseste.
Estes cenários só funcionam nos filmes ou quando nos dão
autorização para isso. Não tens autorização. Não vais dizer que queres mais a
quem não vai alinhar.
Estas manifestações são noutras histórias. Filmes e coisas
que se inventam. Lendas dos tempos modernos. Não acontecem a pessoas reais de
carne e osso. Não te acontecem a ti, nunca!
Não vais pisar o risco. Não vais dormir nem vais dizer que
sim, que vais. Que aliás, estás a caminho. Irias a qualquer hora, daqui a ali ou até à lua. Não
tens permissão para isso, nem para nada. Cala-te.
Reduz-te ao que é. Simplifica. Aceitaste as regras. O
coração fica arrumado algures numa gaveta.
Iria até à lua sim, ou até mais longe se quisesses.
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