Inverno

Os dias arrastam-se, implacáveis como o Inverno. Nunca será bom, nem seco, nem molhado, nem frio, nem ameno, será sempre preto e branco na pior das versões possiveis.

Imagens feias que se dizem bucólicas, árvores secas e vazias, pessoas debotadas, infelizes, corpos que se arrastam com montanhas de roupa. Passamos por criaturas bafientas que vivem mortas, como as folhas que sobram nos ramos. Todas as estações estão equilibradas na divisão do tempo, o Inverno parece triplicado em tempos intermináveis. Como é romântico o fogo! Se desse vida ao que está morto, não tenho duvida que seria.

No inferno nada disto é possivel. Lá esperam-nos requintes de malvadez, ordenados e desordenados mas prontos a usar. É o calor, dizem que transforma e transtorna as pessoas, induz a actos primitivos e irreflectidos semelhantes ao instinto animal selvagem. Antes isso que passar pela vida como uma sombra.

É isso que o meu corpo te traz, vida. É vida que te dou, obrigo-te a viver e a ver como é bom esperar pelo Verão quando se acredita que tudo é possivel. Não existem impossiveis, quando temos ao nosso lado alguém que daria a vida por nós. Fervo em calor. Desgasta-me a escuridão em que vives, no universo paralelo ao meu. Posso comprovar tudo o que te digo. Depois do teu Inverno, e do Inverno todo da humanidade, existe um Verão em mim, permanente. Um corpo que te dará vida, o meu. 

Em minha casa é Verão o ano inteiro.


Comentários

  1. Banda sonora: Flight Facilities - Crave you feat. Giselle ( https://www.youtube.com/watch?v=r0bS-YnLf4s )

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