Era uma vez.
Sei que já
escrevi várias vezes sobre este tema mas volto a insistir nele. De tempos em
tempos, precisamos recuperar a esperança na vida, nas situações ou na
humanidade. Dito assim parece muito, mas são pequenas histórias e detalhes que
podem fazer toda a diferença e que podem salvar o dia, o mês ou até uma vida
(em casos mais extremos). Os milagres acontecem, as histórias dos filmes
acontecem, os inesperados bons acontecem…
Nós sabemos
isto, lá bem no fundo, sabemos disto. Mas quando as circunstâncias endurecem,
fechamo-nos no fundo do poço e optamos por ver tudo com pessimismo, com dureza,
tornando uma situação difícil num calvário. Para algumas pessoas, esta técnica
resulta durante um tempo, criam a ilusão que estão resguardados de todas as
maldades que ainda lhes poderão cair em cima, e assim vão desaparecendo sem
deixar rasto. A pergunta que eu faço é: nasce vida nos buracos escuros? Podem
dizer-me, sim nasce. E que espécie de vida?
No fundo do mar,
sabemos que vivem criaturas na escuridão, feias, meias disformes, assustadoras e
que não saem daquele espaço. Estão habituadas a viver na escuridão, é o que
conhecem, é ali que se sentem seguros. Vivem confinados aquele espaço porque
faz parte da sua natureza. Na superficie acontece o mesmo, algumas criaturas só
vivem em buracos ou de noite. Podem igualmente argumentar que são importantes
para o ecosistema, é verdade. Mas nós, os seres humanos, temos a razão que nos
liberta deste registo de sobrevivência básica que ainda assim temos em nós.
Se não sairmos
de casa, estamos em segurança no nosso espaço. O mundo continua a correr fora
da porta de casa e lá dentro também mas com a ilusão que somos nós que o
controlamos. O tempo dentro de um buraco é igual ao tempo de todas as pessoas
que estão fora dele, nem mais nem menos. Só que os que estão fora de casa,
aventuram-se a enfrentrar os dragões mesmo que não queiram ou que lhes custe. Porque
a vida não perdoa e corre.
E lá vão eles,
também com medo, frágeis, inseguros, sem vontade, meios mortos… mas vão,
tentam. E é nesses momentos em que tentam, a custo e com dor que por vezes
acontecem os milagres. Saem de casa e encontram pessoas que valem a pena, que
lhes dão a mão e que os resgatam. Reencontram pessoas que já não viam à muito
tempo, descobrem que afinal estão vivos e que conseguem fazer coisas que já não
faziam à muito. Alguém lhes dirige uma palavra simpática, recebem um abraço, um
telefonema importante, alguém diz que tem saudades, percebe como é bom andar ao
sol e apanhar ar.
Para que os
milagres aconteçam, e acontecem – SEMPRE – precisamos viver. Nada acontece em terreno
infertil. Senão semearmos, nada irá crescer. A vida vai continuar a passar,
mesmo que nos recusemos a vivê-la. Enfiados numa toca, num buraco ou no fundo
do mar. Ela irá continuar a passar e sem a nossa intervenção ou vontade, por
isso não nos poderemos queixar. Senão escolhermos, a vida escolhe por nós.
Por isso,
aproveitem os milagres. Eles estão ai para todos. Não deixem que a vida passe
ao vosso lado. Ou como diz um amigo: “já vivi o tempo suficiente para perceber
que não podemos deixar passar o comboio…”.
Alguns comboios só passam uma vez, tentem não perder muitos. Vale a pena.
Banda sonora: Björk - Human Behavior ( https://www.youtube.com/watch?v=KDbPYoaAiyc )
ResponderEliminarOlá Sofia, palavras sábias e num post bem motivacional.
Beijinhos.
Vai passar um comboio novo por aqui! O blog vai dar livro. Gostava muito de te enviar o convite para o lanaçamento :)
EliminarJá tinha saudades de ouvir isto! Tão bom :)
ResponderEliminarAnda por ai muita gente a perder o comboio...custa ver. Achei que devia fazer "serviço público", pelo amigos e por todos os que precisarem.
Beijinhos