Se o meu avô fosse vivo, faria hoje 93 anos.
Gostava
muito da forma como o meu avô me fazia sentir, todas as vezes, como se a minha
presença ou chegada lhe tivesse iluminado o dia, os olhos dele brilhavam. Era quase sempre assim.
Marcou-o ter nascido tão pequenina - "parecia um coelhinho" - como
dizia. E ainda exclamava: "como poderia uma coisinha tão pequena
vingar?". Soube mais tarde que me visitava com frequência em casa dos meus outros avós. Desviava-se do caminho para casa, para me visitar, devia ser
para garantir que o coelhinho crescia como devia ser.
Avô, sou um osso duro de roer! Se calhar era isso que ele admirava quando nos
víamos, que sobrevivi, cresci e tornei-me mulher apesar dele ter ficado pelos
meus 14 anos. Quando me recordo do meu avô Fernandes, sou sempre a Sophia e nunca a Sofia.
Era observador o meu avô, e eu gostava de forma como escrevia e do modo como se
deixava encantar pelos livros que o meu pai lhe oferecia. Era um homem
inteligente com sentido de humor.
Sempre soube que ficou muito por desvendar entre nós, a admiração mútua
essencialmente.
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