Avançar para o conteúdo principal

Desinteresse

Estou farta de fevereiro, não gosto de março e provavelmente terei de ter paciência para esperar por abril. Dito assim parece que o tempo passa devagar, mas não, o tempo anda supersónico. Assim sendo, vou piscar os olhos e quando os abrir estarei em abril.

Não! Também não funciona assim, felizmente. Eu reclamo e barafusto com o tempo, os dias pequenos e o inverno de um modo geral mas não me importaria que os dias, as horas e os anos passassem um bocadinho mais devagar. Não se consegue aproveitar os dias, como deve ser. Nem os momentos…e alguns momentos deviam duras dias e dias, de tão bons que são.

A juntar a isto tudo, o desinteresse desinteressa-me profundamente. A forma como as pessoas lidam umas com as outras, os filhos que abandonam pais, amigos que só aparecem quando precisam de alguma coisa, o vizinho do lado que só nos fala para pedir para tomarmos conta do cão, a desconsideração no cuidado com os outros, os pequenos gestos falham sempre. Não são precisas festas ou pirotecnia, uma chamada ou uma mensagem, é o que basta. A mim basta-me. Isso diz-me: “olha, esta pessoa pensou em mim, tirou um minuto para saber como estás, teve saudades, quis, teve vontade…” e isso, é daquelas coisas que enche o peito, reconforta. Algures por ai, alguém pensou e pensa em ti, diz-te, demonstra e faz. Coisinhas de nada que valem tudo.

Não quero nada que não tenha direito, tenho isso bem presente, além de que é mais gratificante receber sem esperar ou como reconhecimento de algo que se fez bem. Tento sempre fazer isto em relação aos outros porque lá está, o desinteresse desinteressa-me, e só desisto quando percebo que não consigo fazer nada em relação ao desinteresse do outro lado. Provavelmente nem tenho de fazer nada, algumas coisas são como são, ou acontecem naturalmente ou não são para ser, sei lá. Mais vale aceitá-las assim. Mesmo quando é muito desgastante, continuo, não desisto, insisto, estou lá. Às vezes sou parva, outras gosto mesmo, outras porque acredito ou quero muito, outras simplesmente porque recuso pensar que me enganei.

Dizem que reclamar melhora a imunidade, devo estar a formar anticorpos novos, neste preciso momento. 

Abençoados!


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...