Avançar para o conteúdo principal

Loucura

Coisas da loucura.

Quando já não se suporta o tempo normal dos dias, quando fica intolerável o peso da roupa no corpo, quando o frio não cessa o calor, só pode ser loucura. O saber que se quer muito, e não saber o que fazer. O desejo acumulado que rebenta por todos poros.

As noites de sono perdido, horas lentas contabilizadas a conta gotas. Dias que parecem meses. O perder o norte e todos os restantes sentidos. Estado febril de alma, dormência, demência, ausência e muita urgência. Doença diagnosticada que se alastra lentamente pelo corpo, percorre a pele e todas as entranhas. Células de ADN reprogramadas.

Cegueira momentânea ou permanente, que acompanha a propagação da loucura. Como a água que transborda de uma albufeira, alastra-se por toda a extensão de terreno, infiltra-se e faz-se absorver pela terra, sem que esta tenha opção de escolha. É a necessidade, a seca que tem de ser combatida, o restabelecer da ordem natural das coisas, a natureza sabe o que faz.

Os pensamentos sem ordem, emoções descontroladas, a negação do óbvio, a loucura, é loucura. O coração que manda na cabeça, a cabeça que quer mandar no coração, não existe entendimento possível, é loucura.

O instinto animal que se sobrepõe à razão, linhas trocadas, a hipersensibilidade da pele só pelo sopro do vento, é uma doença.

Talvez a minha loucura tenha um nome, uma designação ou pessoa, talvez seja só mais um indício do estado da minha enfermidade.

Podes ser tu a causa, antes não era assim. No tempo antes de ti, não tinha sintomas, nem estados febris.
Estou louca.


#7HINK
#LOUCURA


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...