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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2018

Terra de ninguém

Socialmente estamos integrados em grupos, comunidades, famílias, fazemos parte de alguma coisa nem que seja por afinidade. Aparentemente estamos ali e pertencemos aquele grupo. É assim que as coisas funcionam e que nos estruturamos entre nós.  Isto faz com que muitas vezes fiquemos cingidos a um espectro de pessoas, porque são universitárias como nós ou os conhecemos desde crianças e têm um percurso semelhante ao nosso, trabalham no mesmo ramo, os filhos andam no mesmo colégio, frequentamos os mesmos restaurantes e festas e por aí fora... E quando podemos estar em grupos e contextos diferentes, porque temos essa capacidade (de não excluir ninguém), mas na realidade não fazemos parte nem de um lado nem de outro?  É tramado! Não fazer parte de lado nenhum, o pertencer à terra de ninguém, é um bocadinho solitário. Entenda-se, não por vontade própria, mas por não se identificar. Juntando as parcelas pode-se ter fragmentos de todos os lados e não pertencer ne

Mudanças

Nada muda do dia para a noite, mas às vezes parece que é isso que acontece. Quando se dá o clique de um modo geral, parece que um dia tínhamos o interruptor da cabeça desligado e de um momento para   outro liga-se. E quando se liga a ideia que fica é que aconteceu naturalmente e de uma forma fácil, quase sem esforço, parece tão óbvio que a pergunta fica a pairar: “como é que ainda não tinha percebido isto?”. Não é uma sensação de estupidez ou incapacidade para ver o que agora é óbvio, o que se dá é uma constatação de verdade. Coisas que vivem e crescem dentro de nós, mas que ficam por ali meio arrumadas ou desarrumadas sem qualquer utilidade prática. Quase como se acumulássemos lixo por acumular, só que dentro de nós o lixo que acumulamos nunca é em vão, nada do que se acumula internamente é desnecessário, só achamos que sim para disfarçar o peso que isso nos faz carregar. Ninguém gosta de se sentir incapaz ou vulnerável. Na realidade não é só um peso que sai de cima ou de

Estação Certa

Nunca nos devemos apaixonar no inverno. Não te apaixones no inverno, não permitas que isso aconteça. De todos os males a evitar durante o inverno, este será um deles. Uma gripe evita-se com a medicação certa, agora quando se deixa o amor entrar na estação mais fria e escura do ano, não podemos esperar o melhor. São as probabilidades, a natureza não engana. Os animais hibernam, as árvores não têm folhas nem fruto, nada cresce no frio, na neve e sobretudo nada cresce na escuridão. Mesmo as criaturas que vivem nas profundezas dos oceanos, não sobem até à superfície para perto da luz, vivem confinadas na escuridão, crescem e desenvolvem-se nesse ambiente, como as doenças que se propagam no corpo. As pessoas que nascem no inverno são demasiado frias. Que amor poderá ser este que se estabelece no inverno? Devia existir um filtro bem espesso que evitasse que isto acontecesse. O inverno é necessário para a regeneração da natureza, o ciclo que se completa onde tudo morre, para ren

Fenómenos Paranormais

Existem os fenómenos do Entroncamento e depois existem os fenómenos típicos do sexo masculino. Sejam ou não do Entroncamento, do norte ou do sul, deste pais ou de outro qualquer. Desconfio que é uma questão transversal, porque se escreve nas diversas línguas do mundo sobre o tema. Assim sendo, arrisco-me a dizer que é um calamidade que afecta as mulheres de todas as nações e que se encontram mais ou menos na minha faixa etária, um pouco mais para baixo ou um pouco mais para cima. É um comportamento típico do sexo masculino, mas não exclusivo, algumas mulheres também comentem a mesma falha. Desconfio que por imitação, para seguirem a mesma cartilha sob o lema: olho por olho, dente por dente. Como quem diz: se não gostam, não façam…mas vejam lá se gostam que vos façam o mesmo? (e riem no final) “Eles oferecem sempre mais do que estão preparados para dar…” Homens, expliquem-me porquê? Estou numa fase, em que as explicações razoáveis para este tipo de comportamento, estão

Os Livros

É muito difícil, definir-se apenas um escritor ou um livro como o único, aquele livro que nos marcou para sempre, aquele escritor/a que ganha o estatuto de favorito. Depende sempre do estilo e do género, e para cada um deles, vamos ter um ou vários que farão parte dos eleitos. Até parece um pouco redutor, com tantos livros bons que existem para ler e autores fantásticos, ter apenas um ou dois na galeria dos predilectos. Andamos anos (uma vida inteira) a ler vários livros, a descobrir autores, temas e géneros. No meu caso, gosto de vários escritores, tenho vários livros que me marcaram positiva e negativamente. Tenho os favoritos e os outros, os livros bons e os livros maus, as histórias inesquecíveis e as outras. Quando se lê regista-se um pouco de tudo, mesmo quando a cadencia da leitura é lenta ou mais demorada do que seria suposto. De qualquer modo, é sempre bom aprendermos com os livros e definirmos termos de comparação, crescemos com o conhecimento. Tenho o “Retrat

Beijar

Comemora-se a 13 de Abril e nos restantes dias do ano. bei·jo   ( latim   basium ,  -ii ) substantivo masculino 1.  Toque   de   lábios ,  pressionando   ou   fazendo   leve   sucção ,  geralmente   em   demonstração   de   amor ,  gratidão ,  carinho ,  amizade ,  etc .  =  ÓSCULO 2.  Fórmula   informal   de   despedida  ( ex .:  beijos   e   abraços   para   todos ). 3.  [Figurado]    Contacto   feito   de   forma   leve   ou   suave . "beijo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 

Sinceridade

A sinceridade é uma das maiores provas de vulnerabilidade que podemos ter. É uma entrega profunda de um sentimento, de um ponto se vista ou de uma opinião. A sinceridade abre o coração. Deixa-nos expostos, tentamos de uma forma mais clara e precisa entregar ao outro um bocadinho que é só nosso. É dado de coração e com verdade. No momento em que se assume: estou a ser sincero, comprometemo-nos a dar ao outro a nossa verdade sobre determinado acontecimento. Seja a verdade, o que for. É um acto de lealdade para com o outro.  Eu estou a ser franco, a mostrar as coisas como são, a abrir o meu coração para ti, eu entrego-te isto. E é tão difícil ser-se sincero! A maior parte das vezes, fazemo-lo porque fica bem, credibiliza aquilo que estamos a dizer, mas de sinceridade, tem muito pouco.  Queremos ficar sempre bem, no que dizemos e como dizemos. Ficar bem com Deus e o Diabo, não é possível.  A forma sim, essa pode ser estudada, pensada para não magoar o outro. Pode-se dizer a ver

Pessoas Especiais

A vida brinda-nos com pessoas maravilhosas, uma vez por outra. Quando temos sorte, quando nos portamos bem. Pessoas que nos estimulam os sentidos. Que falam de coisas que nunca ouvimos, como se fossem banais. Que nos obrigam a descobrir todo um mundo novo. Pessoas que sabem usar as palavras sem medo. Que nos confrontam com elogios e verdades que pouco ou nada ouvimos. Que nos fazem pensar. Pessoas que se apaixonam por nós, que nos amam sem reservas ou necessidade de indícios. Que nos fazem acreditar que podemos ser especiais. Que temos mais do que sabemos. Criaturas únicas de gostos singulares. O que contam soa a música com uma sonoridade única. Almas fabricadas noutros lugares, que se cruzam connosco por acaso. Acasos de pura sorte ou destinos combinados noutras paragens. Seja lá o que for, restauram a crença em toda a humanidade! É possível! Existem, são verdadeiros! Acontecem e andam por ai, aqui do outro lado do oceano, na nossa rua, a meia dúzia de quilómetros, na ou

Atalhos

Um dia percebes que conheceste a pessoa certa, no tempo errado. E não é um tempo errado qualquer, é viverem separados por dois anos: um em 2004 e outro em 2006. Ou viverem no mesmo tempo separados por quilómetros e a dez anos de distância, também acontece, mas não na história do filme que vou falar. No filme “A Casa do Lagoa” é isso que acontece. A Kate e o Alex viveram na mesma casa em tempos diferentes e partilham correspondência, segredos, confidências a acabam por se apaixonar. O que o filme mostra é que para haver amor, tem de haver profundidade e tempo para se descobrir e conhecer o outro. A diferença temporal, faz com que eles cedam com o conforto da distância a expor-se. São mais sinceros, mais verdadeiros, perdem o receio de falar sobre eles, do que gostam e das coisas que os atormentam. Claro que à medida que vão descobrindo que se estão a apaixonar, torna-se cada vez mais difícil gerir a distância e aprender a lidar com os sentimentos e com o desejo. A realidade

Henry Miller

Alguns pessoas têm a capacidade de despertar a nossa atenção, por uma série de fatores.  Não sei bem explicar onde aparece o Henry Miller, não vi o filme: Henry & June, mas fixei os livros Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio. Talvez por ler em todo o lado que o Henry Miller é um escritor polémico, e tudo o que sai fora da lei tem um encanto especial! Existe um fascínio nas pessoas que quebram regras ou se estão a borrifar para elas, que dizem o que pensam e escrevem o que bem entendem, mesmo que isso lhes custe alguma simpatia e compreensão social. Então onde aparece o Henry Miller? No Trópico de Capricórnio lido na idade errada e no momento errado. Quando se lê um livro no momento errado, sim porque isso acontece, compromete-se tudo! O que lá está escrito, a compreensão do autor, a compreensão do leitor e toda a relação que se deveria formar a partir dai. O Miller é um autor autobiográfico, não compreender de inicio o que ele escreve ou a forma como o faz, compr