É muito difícil, definir-se apenas um escritor ou um livro
como o único, aquele livro que nos marcou para sempre, aquele escritor/a que
ganha o estatuto de favorito. Depende sempre do estilo e do género, e para cada
um deles, vamos ter um ou vários que farão parte dos eleitos. Até parece um
pouco redutor, com tantos livros bons que existem para ler e autores
fantásticos, ter apenas um ou dois na galeria dos predilectos.
Andamos anos (uma vida inteira) a ler vários livros, a
descobrir autores, temas e géneros. No meu caso, gosto de vários escritores,
tenho vários livros que me marcaram positiva e negativamente. Tenho os
favoritos e os outros, os livros bons e os livros maus, as histórias inesquecíveis
e as outras. Quando se lê regista-se um pouco de tudo, mesmo quando a cadencia
da leitura é lenta ou mais demorada do que seria suposto. De qualquer modo, é
sempre bom aprendermos com os livros e definirmos termos de comparação,
crescemos com o conhecimento.
Tenho o “Retrato de Dorian Gray” como o meu livro fetiche, adoro
tudo nele. A forma como está escrito, o enredo, os personagens e acima de tudo
os diálogos. O adorável Lord Henry com as suas tiradas viscerais e provocadoras.
Consigo sentir o livro como se o estivesse a viver, é isso que o torna tão
especial. Tenho outros, claro como o “Cem anos de solidão” mesmo com os vários
Aurelianos Buendias a confundirem gerações ou o “Jardim de cimento” do Ian
McEwan que transforma uma história doentia num enredo irresistível. Os pequenos
livros, como a “Identidade” do Milan Kundera onde aprendemos que não devemos
dar nada por garantido mesmo quando existe uma relação forte mas que de um
momento para o outro se pode mostrar surpreendentemente frágil ou escritoras
como a Isabel Allende ou a Laura Esquível que conseguem escrever com aromas…
sentem-se cheiros nas suas histórias, são tão bonitas que se entranham na pele.
Os cheiros do “O Perfume” do Patrick Suskind nunca mais se
esquecem, toda a história é um emaranhado de cheiros que se espalham por todas
as páginas e que passam de livro para livro, mesmo no “A pomba” até se sentem
os elementos da natureza, como o vento.
Ainda me faltam tantos, mesmo que os que contam, e já são uns
quantos. E depois aparece um livro chamado “Sexus”, tinha-o comprado para o
oferecer, esteve embrulhado em cima da mesa da minha sala a aguardar o momento certo
para o oferecer, foi comprado a pensar naquela pessoa especificamente. Mas,
quis o destino ou lá o que for, que ele ficasse. O momento certo para o
oferecer nunca mais chegava, não chegou e depois de desembrulhado e de ter
começado a ler as primeiras páginas percebi: porque só agora estou a ler isto?
Como é que nunca tinha percebido que isto era assim?
O livro não tem nada de adorável, é seco, direto, mordaz ao
ponto de ter achado que o Henry Miller entrou na minha cabeça para escrever aquilo
daquela forma! Cada um com as suas maluquices! Está a passos largos a entrar
para o pódio dos meus livros favoritos e ainda só estamos a meio e no arranque
da nossa relação. Gosto de escritores intensos, complexos, intrincados… fazer o
quê? Se me conquista com este arranque promissor, nem imagino com os restantes
livros! Mais, quero mais, quero muito mais…
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