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Doar Sangue

Dizem as noticias dos últimos dias que ainda faltam 40 mil unidades de sangue, que o sangue disponível não consegue suprir as necessidades.

Em 2018 tornei-me dadora, não só pelo facto de conseguir ajudar pessoas que precisam mas também como forma de agradecimento para o cuidado que o sistema nacional de saúde teve comigo nos últimos tempos. Não podemos só exigir porque pagamos impostos, ainda que isso seja perfeitamente legitimo, pagamos muito, ainda assim temos de fazer a nossa parte. E esta parte não custa dinheiro.

Eu sei que o pânico de agulhas e ver sangue é real e que muitas pessoas têm a vontade, mas não conseguem ou não reúnem as condições físicas para se tornarem dadores. Eu não sofro de nenhum destes males, nada do que ali se faz me faz impressão ou confusão. Eu vejo as operações que dão na televisão quer seja a pessoas ou a animais, por isso, na verdade não tenho qualquer motivo para não ser dadora. Ainda ontem tive a espetar uma agulha de soro na minha gata, para o tratamento que ela vai passar a fazer para a doença crónica de rins que tem e a veterinária disse-me: “a maioria dos donos hesita a fazer o que acabou de fazer, mas a dona da Bianca fez isto com convicção!”. Se é para tratar e curar, não hesito nem comigo nem com os outros, devo ter um espirito de enfermeira dentro de mim, não sei, faço o que tiver de fazer isso é garantido.

O cidadão que doa, tem de ser responsável por aquilo que faz. Não se compadece com perguntas pessoais como: teve vários parceiros sexuais no últimos meses? Teve o mesmo parceiro sexual nos últimos tempos? No caso dos homens, teve sexo com outros homens? Que lhes interessa quantos parceiros tive ou se um homem esteve com outros homens? Nesse ponto a homossexualidade fica logo na porta da entrada, e o sangue que é preciso merece que isso aconteça?

Fazem-se análises, testes, exames ou que for para garantir que a dádiva é sã, quem doa, deve exclusivamente garantir que não tem nenhuma doença, que não fez nenhum tratamento agressivo ou de risco para si e para o sangue que vai doar, que está de perfeita saúde física e mental e por isso, é responsável pela dádiva que vai entregar. A única coisa que o dador deverá ser é: RESPONSÁVEL de forma consciente pela dádiva que entrega.

Se após fazerem análises detetarem que o sangue está contaminado por algum motivo ou que representa um fator de risco… excluem aquele dador. Tão simples quanto isto, fica de fora por um tempo, e se quiser voltar apresenta-se com análises feitas e os resultados na mão.

A importância de Doar Sangue é maior que a necessidade do Estado em saber a sexualidade de cada um. Evoluímos todos cada vez que o Estado se torna mais esclarecido e tolerante com os cidadãos, não podemos estar hoje a responder a perguntas que eram feitas nos primórdios desta iniciativa, já não estamos lá, o tempo não anda para trás, só para a frente. Era bom que se lembrassem disso para conseguirmos chegar às 40 mil unidades de sangue em falta!




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